|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Competição
patina na saída
do enviado a Cannes
Apenas oficialmente a competição de Cannes começou ontem.
"La Vendedora de Rosas", do colombiano Victor Gabiria, e "Ceux
Qui M'Aiment Prendront le
Train" (Aqueles Que Me Amam
Que Peguem o Trem), do francês
Patrice Chéreau, são dois acabados equívocos.
"La Vendedora" é o segundo
filme de Gabíria. O tema é a delinquência infantil na Colômbia contemporânea.
O tratamento fílmico não poderia ser mais ultrapassado. "La
Vendedora" busca certo realismo
cru, bem anos 60, para acompanhar o cotidiano de um grupo de
pivetes de ambos os sexos.
Não há qualquer tentativa de
aprofundamento psicológico ou
social dos personagens.
A seleção de "La Vendedora" é
um grave sinal da falta de sintonia
de Cannes com a situação do cinema latino-americano. Já a do filme
de Chéreau revela o cerne da crise
fílmica francesa.
"Ceux Qui M'Aiment ..." é
exemplo acabado do cinema falastrão e autocentrado desenvolvido
na França nos anos 90. A morte de
um pintor homossexual
(Jean-Louis Trintignant) leva amigos e familiares a seu enterro na
cidade natal. Esta é Limones, local
do maior cemitério europeu. O
número de lápides (180 mil) supera o de habitantes (140 mil).
A vida que falta lá tampouco se
apresenta na tela. O misantropo
Chéreau põe todos contra todos
em dois momentos: a viagem de
trem a Limones e a recepção
pós-funeral. Platitudes alternam-se sob a forma de berros ou
discursos. Depois reclamam que a
turma prefira "Godzilla".
(AL)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|