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ACONTECE NO RIO
Bolsa expõe
o Portinari
dos anos 50
GABRIELA MICHELOTTI
enviada especial ao Rio
Mais de 50 trabalhos do pintor
modernista Candido Portinari,
entre gravuras, pinturas, desenhos
e painéis, podem ser vistos em exposição no centro de eventos da
Bolsa de Valores do Rio.
Junto com Portinari, a semana
do Rio tem mais três exposições
em que o destaque é a arte brasileira.
Na sede da Pinakotheke, para
ilustrar o lançamento de um dicionário sobre termos técnicos, foi
montada a exposição "Arte Ilustrada", com obras de artistas que
vão do seiscentista Frans Post à
contemporânea Lygia Clark.
Na galeria Villa Riso, a artista e
escritora Elvira Vigna abre sua
mostra "Imagens Mentirosas",
com 22 trabalhos feitos com tinta
automotiva.
E, no MAM (Museu de Arte Moderna), continua a mostra "Do
Modernismo ao Neoconcreto",
onde estão expostas obras de Anita Malfatti, Victor Brecheret, Oswaldo Goeldi, Alfredo Volpi e outros pesos pesados do modernismo e da arte contemporânea brasileira.
A mostra "Portinari na Bolsa"
pode servir como prévia para a
grande retrospectiva do pintor
que ficou no Masp (Museu de Arte
de São Paulo) até fevereiro e deveria acontecer no Museu Nacional
de Belas Artes, no Rio, antes da exposição de Salvador Dalí, mas foi
adiada.
Segundo o Projeto Portinari, dirigido pelo filho do pintor, João
Candido Portinari, responsável
pela retrospectiva, os cariocas só
poderão ver os mais de 200 trabalhos reunidos em maio de 99.
Pelo menos duas obras da retrospectiva já podem ser vistas na
exposição da Bolsa de Valores: "A
Greve" e "Angústia".
Segundo Ralph Camargo, colecionador de Portinari e curador da
mostra, a maioria dos trabalhos é
da década de 50. Nessa fase, Portinari já se afastara da influência do
cubismo de Picasso e Bratke e adotara um estilo mais pessoal.
O único trabalho dos anos 40
presente na exposição é uma maquete para o mural de azulejos da
igreja de São Francisco de Assis,
na Pampulha, em Belo Horizonte.
A igreja foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O mural do
altar, os quadros da via-crúcis e os
azulejos externos foram pintados
por Portinari.
Pela metragem e pelo valor, o
mais importante trabalho da mostra na Bolsa é o painel "Pescadores", de 3 m x 6 m, de 1950. Ele foi
encomendado por Walter Moreira
Salles e feito por Portinari em Paris. Hoje pertence a Camargo e está avaliado em US$ 2 milhões.
Outro painel de grandes proporções, "Ceia", está sendo exibido.
Com 2 m x 4 m, retrata a última
ceia de Cristo e é um dos vários
painéis do artista com temática religiosa.
A exposição na Bolsa de Valores
traz outra curiosidade: pela primeira vez o público do Rio poderá
ver reunida a coleção de 18 desenhos encomendados por Otávio
Guinle em 1942 ao pintor.
Os desenhos, feitos com a técnica de ponta-seca, decoravam as
suítes do hotel Copacapana Palace.
Na coleção de desenhos estão
presentes vários temas explorados
por Portinari durante toda a sua
obra: espantalhos, meninos empinando papagaios e paisagens de
Brodósqui, cidade natal do pintor
no interior de São Paulo.
Apesar de não ter nenhum quadro dos anos 30, fase que celebrizou Portinari com suas pinturas
de caráter social, os tipos brasileiros também estão presentes em telas como "Cangaceiro" e "Baiana".
Exposição: Portinari na Bolsa
Quando: seg a sex, das 11h às 19h, sáb e
dom, das 13h às 17h; até 29 de maio
Onde: Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
(pça. 15 de Novembro, 20, Centro, tel.
021/514-1171)
Quanto: entrada franca
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