São Paulo, Sábado, 15 de Maio de 1999
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ARTES PLÁSTICAS
Galerista Thomas Cohn diz que reportagem publicada na revista é publicidade de apenas uma galeria paulista
Polêmica coloca brasileiros na "Flash Art"

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Duas das mais importantes galerias brasileiras, a Thomas Cohn e a Camargo Vilaça, tiveram um destaque insólito na última edição da revista de arte "Flash Art".
Thomas Cohn assinou uma carta ao editor Giancarlo Politi em que disse, entre outras coisas, que uma reportagem intitulada "Aperto Brazil", assinada pelo crítico Ruben Gallo, havia se tornado "não mais não menos que duas páginas coloridas de publicidade grátis de uma galeria de São Paulo".
A Camargo Vilaça foi mencionada na resposta de Politi, que argumentou que o espaço editorial da revista era desvinculado da publicidade e complementou: "E nesse caso em particular, a galeria Camargo Vilaça -que eu considero uma das mais interessantes galerias brasileiras- não compra publicidade em nossa revista".
O imbróglio começou em outubro último, quando Ruben Gallo publicou uma reportagem em que citava seis artistas brasileiros: Ernesto Neto, Valeska Soares, Jac Leirner, Adriana Varejão, Rosângela Rennó e Vik Muniz, todos do cast da Camargo Vilaça.
"Eu simplesmente disse que eles escolhessem melhor seus articulistas. Não me incomoda uma matéria sobre arte brasileira, mas a matéria tem muita cara de ser dirigida. É estranho que uma matéria fale de seis artistas de uma única galeria. Temos muitas galerias com bons artistas no país. Se estivéssemos no Azerbaijão...", disse Cohn.
O galerista Marcantonio Vilaça, por sua vez, ficou satisfeito com a reportagem. "Várias vezes meus artistas já foram prejudicados por essa atitude politicamente correta de o crítico ter que dividir o espaço entre várias galerias", disse.
Em sua resposta a Thomas Cohn, Politi afirmou que a "Flash Art" nunca foi uma revista democrática e que a reportagem não se pretendia uma pesquisa sociológica sobre a arte jovem no país, mas sim "uma mostra hipotética que reflete o ponto de vista de um de nossos colaboradores".
"Acho que foi uma leviandade dele, de quem eu gosto muito, mas que não entende nada de política de arte e não pegou essa coincidência", disse Cohn.


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