São Paulo, Sábado, 15 de Maio de 1999
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CLOSE-UP PLANET
Prodigy (agora vai?)


São Paulo recebe hoje dois dos maiores nomes do som eletrônico inglês; cidade finalmente vê show cancelado por causa de parafuso


LEANDRO FORTINO
da Redação

"Foi muito ruim o cancelamento do show no ano passado. Pegou mal para a nossa imagem. Não foi nossa culpa, e as pessoas têm de entender isso. É uma vergonha que as coisas tenham acontecido desse jeito. Recentemente, tivemos de cancelar um show na Bulgária, mas foi por causa da guerra, e não por causa de um palco."
Com essas palavras Liam Howlett, o homem que controla as batidas eletrônicas e todo o som por trás do grupo inglês Prodigy, lamentou o cancelamento da versão paulista do Close-Up Planet, que, se não fosse o rompimento de um parafuso com defeito, deveria ter acontecido em 22 de agosto.
Mas hoje o palco vai ter de aguentar o peso das atrações que passarão por ele, a partir das 18h: Raskafari, Otto, Arnaldo Antunes, DJ Marky, Roni Size e Dynamite MC e Prodigy, encerrando a noite.
Howlett, que recentemente lançou no país a coletânea "Prodigy Present: The Dirtchamber Sessions Vol. 1", um disco com as faixas mixadas que revelam a fonte da criatividade do grupo, falou com a Folha por telefone.

Folha - Como será o show?
Howlett -
Será nos moldes do apresentado no Rio, mas teremos duas músicas novas. Elas ainda são muito novas e não têm nomes.
Folha - Elas estarão no próximo disco?
Howlett -
Talvez. Mas elas ainda estão em processo de criação. Antes de começarmos a escrever músicas para um disco, sempre as testamos ao vivo para ver o resultado.
Folha - Vocês estarão tocando no Brasil com o Roni Size. O que você acha dele e do drum'n'bass?
Howlett -
Adoro o Roni Size. Já toquei com ele algumas vezes. Adoro drum'n'bass. Acho que é a única forma de música totalmente criada na Inglaterra.
Folha - Como será o novo disco?
Howlett -
Todos os nossos discos trazem como base os break beats. Nos últimos dois, trouxemos novos elementos como a guitarra, pois respeitamos muito o punk inglês. Misturamos essas coisas ao nosso estilo. É isso que fazemos. Não consigo prever como soará o próximo disco. Só sei que será um disco de "space punk".
Folha - Você, que já foi DJ de hip hop, continua a ouvir o gênero?
Howlett -
O hip hop para mim nunca será tão bom quanto foi no final dos anos 80, com grupos como Public Enemy e Ultramagnetics MCs, que são as minhas bandas favoritas. Há algumas bandas de hip hop atual de que eu gosto, como o Wu-Tang Clan. Mas o melhor da produção do hip hop foi feito no final dos anos 80, quando ele era mais rápido, mais dançante.
Folha - Por que você decidiu lançar um CD mixado?
Howlett -
Quis dar às pessoas que curtem o Prodigy uma idéia de onde vem a minha inspiração, que música eu gosto de escutar. É como olhar dentro da minha cabeça.
Folha - O que você acha do uso do sampler?
Howlett -
Se você sampleia a música de outra pessoa, e ela consegue perceber, então você tem de pagar direitos. Nós sempre pagamos pelas músicas que sampleamos.
Folha - Você usou a faixa "War Ina Babylon", do cantor de reggae Max Romeo, em "Out of Space". Você gosta de reggae?
Howlett -
Sim. Gosto do dub, de dub music. Essa é a verdadeira raiz da dance music, especialmente do drum'n'bass. Gosto de reggae, respeito o estilo, mas prefiro ao vivo. Estamos falando sobre samplear?
Folha - Sim.
Howlett -
As pessoas que ouvem uma música e a sampleiam não estão sendo criativas. Quando fiz "Out of Space", usei os samples desse jeito ruim. Não faria outro disco como "Experience", sem criatividade na utilização dos samples. Procuro não usar mais muitos samples em minha música.


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