São Paulo, Sábado, 15 de Maio de 1999
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Clube londrino urra quando o paulistano toca

do enviado a Londres

A despeito das publicações inglesas que o consideram o DJ do mês (na Inglaterra qualquer coisa é "do mês", de sanduíche a filme), Marky, ex-Marky Mark -para evitar confusões com o nome que o ator Mark Wahlberg usava quando era "rapper"-, é um verdadeiro assombro atrás dos três toca-discos que controla quando está num clube, basta checar no Lov.e (SP).
Não sem motivo, a Inglaterra se rende ao paulistano da Penha. Há "algo mais" em Marky. Isso fica evidente na noite Movement, do Bar Rumba, em Piccadilly Circus, Londres, onde o DJ toca mensalmente -às vezes bimensalmente.
Na noite de drum'n'bass, às quintas, o lugar, despojado, fica quase lotado das mais variadas espécies: brancos, negros, clubbers, mauricinhos, cybermanos (sim, também os há em Londres: são de origem indiana), neo-hippies, reggaemen... Cada um com estilos de vida e de dançar bem distintos.
No último dia 6, Marky tocou da 0h30 à 1h30, numa apresentação-surpresa, ocasional. Foi o único dos quatro DJs da noite que era recebido a cada música, a cada virada, a cada "scratch" (som do movimento do vinil girado ao contrário) com urros de torcida de futebol. Foi o único a ter fotógrafos e jornalistas ingleses na frente dos seus toca-discos.
Com discos recém-comprados em mãos, Marky impressionava pela versatilidade e rapidez nas pick-ups, criando um som rico, mais veloz e feroz que o usual, com variações e climas interessantes.
Talvez Jumping Jack Frost e Roni Size se assemelhem. Só talvez, porque é notório seu estilo peculiar: Marky dança, sorri e vibra durante a noite, uma energia diferente da dos demais DJs da noite com piloto automático acionado.
E é exatamente isso que agrada à Inglaterra: a novidade. A "new school" do d+b, o novo vindo da periferia de São Paulo. O que é normal, segundo o próprio Marky: "A periferia é a primeira a aceitar novos gêneros musicais, somos mais receptivos. Depois de ganhar a periferia, a música chega aos Jardins (bairro nobre da capital paulista). Com o hip hop aconteceu a mesma coisa". Só cego não vê.
(MARCELO NEGROMONTE)


O jornalista Marcelo Negromonte viajou a convite da Close-Up.


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