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DOCUMENTÁRIO
Mostra "Os Brasis Indígenas" começa hoje em São Paulo exibindo trabalhos feitos por ou sobre indígenas
Índios se reúnem na tela do Unibanco
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O evento "Os Brasis Indígenas",
que começa hoje no Espaço Unibanco de Cinema em São Paulo,
pretende traçar um panorama
dos principais trabalhos dedicados à cultura indígena brasileira,
o que inclui raridades do início do
século e até obras premiadas, dirigidas por índios.
"São imagens que, ao tratar dos
índios, não somente falam dessa
cultura, mas também e acima de
tudo falam de quem as registrou,
traduzindo os dilemas de um Brasil plural", diz a curadora Paula
Morgado, antropóloga, que trabalhou durante dois anos na realização da mostra.
O documentário de abertura é
"Ao Sul da Paisagem. A Paisagem
e o Sagrado", de Paschoal Samora, que ficará em cartaz até o próximo dia 22. Produzido pela Grifa
Cinematográfica, o filme venceu o
Festival de Videodocumentários
de Curitiba, no Paraná.
Paschoal Samora é também autor do elogiado "Inconfidências
do Rio das Mortes", entre outros
documentários.
Entre os filmes dirigidos por índios está "Wapté Mnõhnõ, Iniciação do Jovem Xavante", realizado
por quatro índios xavantes. O filme venceu o Troféu Jangada e o
Manuel Diegues Jr., na 6ª Mostra
Internacional do Filme Etnográfico do Rio de Janeiro, no ano passado.
Três ciclos
A mostra "Os Brasis Indígenas"
também apresenta um painel da
produção estrangeira e nacional
sobre os índios.
Compreende visões que se modificaram durante todo o século
20 e que foram registradas. Sendo
assim, a mostra está dividida em
três ciclos.
"Encontros" traz filmes produzidos nos últimos 20 anos por europeus, norte-americanos e também brasileiros.
São trabalhos que retratam a relação entre o mundo indígena e o
mundo do branco (veja programação ao lado).
O ciclo "Olhares Indígenas"
conta com filmes realizados pelos
próprios índios, que filmaram,
editaram ou dirigiram aspectos
da sua própria cultura.
Os exemplares vêm das comunidades de waiãpi (Amapá), xavante (Mato Grosso) e ashaninka
(Acre).
A terceira e última parte da
mostra é "Visões", que traz filmes
realizados desde os anos 10 até
produções dos dias de hoje.
Entre as raridades encontram-se trabalhos do major Thomaz
Reis, cinegrafista do desbravador
Rondon Pacheco.
A curadora lamenta que muitas
dessas obras do período se perderam. "O Guarani" (1919), de Vitorio Capelaro, "Ubirajara" (1919),
de Luiz Barros, e "O Guarani"
(1920), de João de Deus, entre outros, traduzem um olhar de uma
época, reduzido hoje a documentos escritos e sem memória.
Livros e desenhos
Três livros serão lançados durante a mostra: "Grafismo Indígena", com organização de Lux Vidal (editora Nobel/Edusp), "História do Peixe Tesoura", escrito
pelos índios tiriyós (MEC/Marinhi/USP), e "Livro do Artesanato
Walãpi", editado pelo Conselho
das Aldeias Walãpi (Alpina).
Começa também uma exposição, "Kusiwa", com desenhos dos
waiãpi do Amapá.
(DEMETRIUS CAESAR)
Mostra: Os Brasis Indígenas
Onde: Espaço Unibanco de Cinema (r. Augusta, 1.470, sala 4, São Paulo, tel. 0/ xx/11/287-5590)
Quando: de hoje a 22 de junho, com sessões às 16h, 18h, 20h e 21h
Quanto: R$ 3 (de segunda a quinta) e R$ 4,50 (sexta a domingo)
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