São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 2000


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DOCUMENTÁRIO
Mostra "Os Brasis Indígenas" começa hoje em São Paulo exibindo trabalhos feitos por ou sobre indígenas
Índios se reúnem na tela do Unibanco

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O evento "Os Brasis Indígenas", que começa hoje no Espaço Unibanco de Cinema em São Paulo, pretende traçar um panorama dos principais trabalhos dedicados à cultura indígena brasileira, o que inclui raridades do início do século e até obras premiadas, dirigidas por índios.
"São imagens que, ao tratar dos índios, não somente falam dessa cultura, mas também e acima de tudo falam de quem as registrou, traduzindo os dilemas de um Brasil plural", diz a curadora Paula Morgado, antropóloga, que trabalhou durante dois anos na realização da mostra.
O documentário de abertura é "Ao Sul da Paisagem. A Paisagem e o Sagrado", de Paschoal Samora, que ficará em cartaz até o próximo dia 22. Produzido pela Grifa Cinematográfica, o filme venceu o Festival de Videodocumentários de Curitiba, no Paraná.
Paschoal Samora é também autor do elogiado "Inconfidências do Rio das Mortes", entre outros documentários.
Entre os filmes dirigidos por índios está "Wapté Mnõhnõ, Iniciação do Jovem Xavante", realizado por quatro índios xavantes. O filme venceu o Troféu Jangada e o Manuel Diegues Jr., na 6ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico do Rio de Janeiro, no ano passado.

Três ciclos
A mostra "Os Brasis Indígenas" também apresenta um painel da produção estrangeira e nacional sobre os índios.
Compreende visões que se modificaram durante todo o século 20 e que foram registradas. Sendo assim, a mostra está dividida em três ciclos.
"Encontros" traz filmes produzidos nos últimos 20 anos por europeus, norte-americanos e também brasileiros.
São trabalhos que retratam a relação entre o mundo indígena e o mundo do branco (veja programação ao lado).
O ciclo "Olhares Indígenas" conta com filmes realizados pelos próprios índios, que filmaram, editaram ou dirigiram aspectos da sua própria cultura.
Os exemplares vêm das comunidades de waiãpi (Amapá), xavante (Mato Grosso) e ashaninka (Acre).
A terceira e última parte da mostra é "Visões", que traz filmes realizados desde os anos 10 até produções dos dias de hoje.
Entre as raridades encontram-se trabalhos do major Thomaz Reis, cinegrafista do desbravador Rondon Pacheco.
A curadora lamenta que muitas dessas obras do período se perderam. "O Guarani" (1919), de Vitorio Capelaro, "Ubirajara" (1919), de Luiz Barros, e "O Guarani" (1920), de João de Deus, entre outros, traduzem um olhar de uma época, reduzido hoje a documentos escritos e sem memória.

Livros e desenhos
Três livros serão lançados durante a mostra: "Grafismo Indígena", com organização de Lux Vidal (editora Nobel/Edusp), "História do Peixe Tesoura", escrito pelos índios tiriyós (MEC/Marinhi/USP), e "Livro do Artesanato Walãpi", editado pelo Conselho das Aldeias Walãpi (Alpina).
Começa também uma exposição, "Kusiwa", com desenhos dos waiãpi do Amapá.
(DEMETRIUS CAESAR)

Mostra: Os Brasis Indígenas
Onde: Espaço Unibanco de Cinema (r. Augusta, 1.470, sala 4, São Paulo, tel. 0/ xx/11/287-5590)
Quando: de hoje a 22 de junho, com sessões às 16h, 18h, 20h e 21h
Quanto: R$ 3 (de segunda a quinta) e R$ 4,50 (sexta a domingo)


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