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CINEMA MARGINAL
Programação traz dez minutos inéditos do filme "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla
Mostra reúne produção quase inacessível
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a câmera de Rogério Sganzerla, Gal Costa canta e cospe.
Com a exibição de dez minutos
inéditos de "O Bandido da Luz
Vermelha", a mostra O Cinema
Marginal e Suas Fronteiras promete surpreender até na parte
mais conhecida de sua seleção.
O objetivo primordial dos organizadores Eugenio Puppo e Vera
Haddad é possibilitar ao público
contato com uma produção de
tão difícil acesso que até seus autores duvidavam da façanha de
reuni-la.
"A expressão que mais ouvimos
quando entramos em contato
com os cineastas anunciando
nosso projeto foi "então, tá'", diz
Puppo, imitando tom cético.
Julio Bressane, que aderiu ao
projeto emprestando "O Anjo
Nasceu" e "Matou a Família e Foi
ao Cinema", usa algumas palavras a mais, mas não foge do tom.
"Gosto de 90% dos filmes, simpatizo com a mostra e acho louvável
o esforço de quem vem tentando
refletir sobre ela. Mas tenho outra
perspectiva do cinema marginal e
prefiro ficar fora disso. Não é algo
que eu possa abordar em um
"drops" para sair no meio de um
artigo, na confusão geral", diz.
José Mojica Marins marca presença com obra ("À Meia Noite
Levarei Tua Alma") e ensinamentos, em uma oficina de interpretação para a qual o CCBB recebe
inscrições até amanhã.
Além de Bressane, Mojica e
Sganzerla, estão representados na
mostra cineastas como Carlos
Reichenbach ("Essa Rua Tão Augusta"), Andrea Tonacci ("Blablablá", "Bang Bang") e Glauber Rocha ("Câncer").
O cinema novo, que tem em
Glauber seu cineasta-símbolo,
participa da mostra por antinomia. É em oposição direta a seus
preceitos que os cineastas da corrente marginal (ou cinema de invenção) traçam seu ideário, se assim se pode chamar o conjunto de
características de um movimento
que, por princípio, é desordenado
e simpático à anarquização.
Sobretudo por isso, pode soar
inadequado colocá-los em competição. Mas uma votação do público aos filmes de sua preferência
foi o formato encontrado pela organização para definir os títulos
que deverão voltar ao cartaz, nos
três últimos dias de festival.
A quem preferir o aprofundamento de visões sobre as obras
exibidas serão oferecidas quatro
chances. Terão projeções seguidas de debate, sempre às 18h, "A
Margem" (Tata Amaral e Inácio
Araujo, crítico da Folha, dia 16),
"A Mulher de Todos" (Denise
Weinberg e Miriam Chnaiderman, dia 17), "Matou a Família e
Foi ao Cinema" (Idê Lacreta e
Jean-Claude Bernardet, dia 23) e
"Bang Bang" (Ismail Xavier e Ignacio de Loyola Brandão, dia 24).
(SILVANA ARANTES)
CINEMA MARGINAL E SUAS
FRONTEIRAS - Mostra de 33 longas e
sete curtas brasileiros das décadas de 60
e 70. Onde: Centro Cultural Banco do
Brasil (r. Álvares Penteado, 112, centro,
tel. 0/xx/ 11/3113-3600). Quando: de
hoje a 1º de julho. Quanto: R$ 4 e R$ 2
(para estudantes). O evento promove
também quatro debates com cineastas e
estudiosos e um workshop com José
Mojica Marins. Informações: 0/xx/11/
3113-3650.
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