São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2001

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CINEMA MARGINAL

Programação traz dez minutos inéditos do filme "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla

Mostra reúne produção quase inacessível

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a câmera de Rogério Sganzerla, Gal Costa canta e cospe.
Com a exibição de dez minutos inéditos de "O Bandido da Luz Vermelha", a mostra O Cinema Marginal e Suas Fronteiras promete surpreender até na parte mais conhecida de sua seleção.
O objetivo primordial dos organizadores Eugenio Puppo e Vera Haddad é possibilitar ao público contato com uma produção de tão difícil acesso que até seus autores duvidavam da façanha de reuni-la.
"A expressão que mais ouvimos quando entramos em contato com os cineastas anunciando nosso projeto foi "então, tá'", diz Puppo, imitando tom cético.
Julio Bressane, que aderiu ao projeto emprestando "O Anjo Nasceu" e "Matou a Família e Foi ao Cinema", usa algumas palavras a mais, mas não foge do tom. "Gosto de 90% dos filmes, simpatizo com a mostra e acho louvável o esforço de quem vem tentando refletir sobre ela. Mas tenho outra perspectiva do cinema marginal e prefiro ficar fora disso. Não é algo que eu possa abordar em um "drops" para sair no meio de um artigo, na confusão geral", diz.
José Mojica Marins marca presença com obra ("À Meia Noite Levarei Tua Alma") e ensinamentos, em uma oficina de interpretação para a qual o CCBB recebe inscrições até amanhã.
Além de Bressane, Mojica e Sganzerla, estão representados na mostra cineastas como Carlos Reichenbach ("Essa Rua Tão Augusta"), Andrea Tonacci ("Blablablá", "Bang Bang") e Glauber Rocha ("Câncer").
O cinema novo, que tem em Glauber seu cineasta-símbolo, participa da mostra por antinomia. É em oposição direta a seus preceitos que os cineastas da corrente marginal (ou cinema de invenção) traçam seu ideário, se assim se pode chamar o conjunto de características de um movimento que, por princípio, é desordenado e simpático à anarquização.
Sobretudo por isso, pode soar inadequado colocá-los em competição. Mas uma votação do público aos filmes de sua preferência foi o formato encontrado pela organização para definir os títulos que deverão voltar ao cartaz, nos três últimos dias de festival.
A quem preferir o aprofundamento de visões sobre as obras exibidas serão oferecidas quatro chances. Terão projeções seguidas de debate, sempre às 18h, "A Margem" (Tata Amaral e Inácio Araujo, crítico da Folha, dia 16), "A Mulher de Todos" (Denise Weinberg e Miriam Chnaiderman, dia 17), "Matou a Família e Foi ao Cinema" (Idê Lacreta e Jean-Claude Bernardet, dia 23) e "Bang Bang" (Ismail Xavier e Ignacio de Loyola Brandão, dia 24). (SILVANA ARANTES)


CINEMA MARGINAL E SUAS FRONTEIRAS - Mostra de 33 longas e sete curtas brasileiros das décadas de 60 e 70. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 0/xx/ 11/3113-3600). Quando: de hoje a 1º de julho. Quanto: R$ 4 e R$ 2 (para estudantes). O evento promove também quatro debates com cineastas e estudiosos e um workshop com José Mojica Marins. Informações: 0/xx/11/ 3113-3650.



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