São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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LITERATURA

Em SP, festejos que lembram James Joyce chegam à 15ª edição e se estendem a outros autores irlandeses ilustres

Bloom volta a correr o mundo amanhã


DA REPORTAGEM LOCAL

O dia 16 de junho tem, para os amantes da obra de James Joyce (1882-1941), significado especial. Isso porque a data era especial, em primeiro lugar, para o autor irlandês.
Foi num 16 de junho que ele saiu pela primeira vez com sua futura mulher, Nora Barnacle. É num 16 de junho que o personagem Leopold Bloom sai em longo périplo, atormentado pela certeza de que, às precisas 16h, sua mulher o trairá, no romance "Ulisses".
É o segundo 16 de junho que nomeia o Bloomsday, celebração organizada por seguidores de Joyce em todo o mundo -desde Dublin, na Irlanda (leia textos nesta página), até São Paulo, onde é celebrado há 15 anos.
Organizado pelo poeta Haroldo de Campos e pela professora da USP Munira Mutran, desde sua primeira edição (a quem se somou Marcelo Tápia, em 92), o Bloomsday paulistano assume, a cada ano, uma nova forma.
Houve, por exemplo, a vez em que trechos do livro foram lidos nas mais diferentes línguas para as quais foi traduzido. Já no ano passado, a estrutura do romance foi comparada à da "Odisséia", texto clássico de Homero.
Nesta edição, a celebração se estende a outros autores irlandeses ilustres: Oscar Wilde (1854-1900), W.B. Yeats (1865-1939) e Samuel Beckett (1906-1989).
Assim, ao lado da leitura de trechos de livros de Joyce (no caso, "Ulisses", "Dublinenses" e "Finnegans Wake") haverá no evento, que começa às 17h, apresentação de peças e poemas.
Duas das obras teatrais são firmadas por Beckett -uma das quais, "Cadeira de Balanço", será interpretada em francês pela veterana atriz Renée Gumiel.
Ainda no segmento dramatúrgico, será encenado trecho de "Salomé", de Wilde. Completado as leituras irlandesas, dois poemas de Yeats.

Tradição
Há o que muda, no Bloomsday paulistano, e o que se repete, como tradição do evento joyceano.
O local, por exemplo: a comemoração tradicionalmente acontece no Finnegan's Pub, bar irlandês que empresta seu nome do romance de Joyce.
Também uma apresentação musical já é comum na programação dos festejos. O grupo Irish Dreams se encarrega de interpretar canções típicas irlandesas, como "Carrickfergus", "The Charladies Ball" e "Whiskey in the Jar".
Esta última dá nome ao CD comemorativo do evento, que será distribuído gratuitamente aos participantes.
Quem comparecer ao encontro de amanhã recebe também o livro "Junijornadas do Senhor Dom Flor" -nome pelo qual o poeta Haroldo de Campos chama a celebração do Bloomsday em São Paulo-, espécie de programa ampliado do encontro.
Ambos são editados pela Associação Brasileira de Estudos Irlandeses e Olavobrás -editora de Marcelo Tápia, dedicada exclusivamente a publicações especiais.
O encontro de amanhã ganha extensão na quarta, numa espécie de "pocket-Bloomsday", com música e leituras, no Sesc Pinheiros. Veja ao lado programação dos festejos paulistanos. (FA)


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