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LITERATURA
Em SP, festejos que lembram James Joyce chegam à 15ª edição e se estendem a outros autores irlandeses ilustres
Bloom volta a correr o mundo amanhã
DA REPORTAGEM LOCAL
O dia 16 de junho tem, para os
amantes da obra de James Joyce
(1882-1941), significado especial.
Isso porque a data era especial,
em primeiro lugar, para o autor
irlandês.
Foi num 16 de junho que ele saiu
pela primeira vez com sua futura
mulher, Nora Barnacle. É num 16
de junho que o personagem Leopold Bloom sai em longo périplo,
atormentado pela certeza de que,
às precisas 16h, sua mulher o trairá, no romance "Ulisses".
É o segundo 16 de junho que nomeia o Bloomsday, celebração organizada por seguidores de Joyce
em todo o mundo -desde Dublin, na Irlanda (leia textos nesta
página), até São Paulo, onde é celebrado há 15 anos.
Organizado pelo poeta Haroldo
de Campos e pela professora da
USP Munira Mutran, desde sua
primeira edição (a quem se somou Marcelo Tápia, em 92), o
Bloomsday paulistano assume, a
cada ano, uma nova forma.
Houve, por exemplo, a vez em
que trechos do livro foram lidos
nas mais diferentes línguas para
as quais foi traduzido. Já no ano
passado, a estrutura do romance
foi comparada à da "Odisséia",
texto clássico de Homero.
Nesta edição, a celebração se estende a outros autores irlandeses
ilustres: Oscar Wilde (1854-1900),
W.B. Yeats (1865-1939) e Samuel
Beckett (1906-1989).
Assim, ao lado da leitura de trechos de livros de Joyce (no caso,
"Ulisses", "Dublinenses" e "Finnegans Wake") haverá no evento,
que começa às 17h, apresentação
de peças e poemas.
Duas das obras teatrais são firmadas por Beckett -uma das
quais, "Cadeira de Balanço", será
interpretada em francês pela veterana atriz Renée Gumiel.
Ainda no segmento dramatúrgico, será encenado trecho de "Salomé", de Wilde. Completado as
leituras irlandesas, dois poemas
de Yeats.
Tradição
Há o que muda, no Bloomsday
paulistano, e o que se repete, como tradição do evento joyceano.
O local, por exemplo: a comemoração tradicionalmente acontece no Finnegan's Pub, bar irlandês que empresta seu nome do romance de Joyce.
Também uma apresentação
musical já é comum na programação dos festejos. O grupo Irish
Dreams se encarrega de interpretar canções típicas irlandesas, como "Carrickfergus", "The Charladies Ball" e "Whiskey in the Jar".
Esta última dá nome ao CD comemorativo do evento, que será
distribuído gratuitamente aos
participantes.
Quem comparecer ao encontro
de amanhã recebe também o livro
"Junijornadas do Senhor Dom
Flor" -nome pelo qual o poeta
Haroldo de Campos chama a celebração do Bloomsday em São
Paulo-, espécie de programa
ampliado do encontro.
Ambos são editados pela Associação Brasileira de Estudos Irlandeses e Olavobrás -editora de
Marcelo Tápia, dedicada exclusivamente a publicações especiais.
O encontro de amanhã ganha
extensão na quarta, numa espécie
de "pocket-Bloomsday", com
música e leituras, no Sesc Pinheiros. Veja ao lado programação
dos festejos paulistanos.
(FA)
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