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BIENAL DE ARQUITETURA
Projetos sociais e obra de artista de Camarões, que esteve na Bienal de SP, representam o país
Depredação ameaça Brasil em Veneza
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A participação brasileira na oitava edição da Bienal de Arquitetura de Veneza (Itália), que é
inaugurada no próximo dia 8 de
setembro, está ameaçada.
O pavilhão brasileiro, localizado
no Giardini di Castello (o jardim
sede da Bienal italiana), foi "totalmente depredado", segundo Carlos Bratke, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. A instituição é a responsável pela participação brasileira no evento, mas
a manutenção do prédio cabe ao
Itamaraty.
"Pedimos um orçamento para a
restauração do pavilhão, e o custo
é altíssimo: superior a US$ 116
mil. Não é possível que, em tão
pouco tempo, o governo federal
libere os recursos necessários",
afirma Bratke.
O pavilhão já havia sido restaurado, em 2000, a um custo de US$
40 mil, justamente para a Bienal
de Arquitetura. Os danos agora
são bem maiores. "Fomos informados de que as janelas, as portas
e até mesmo o piso foram danificados, além de pichações terem
sido feitas na parte externa do
prédio", diz Bratke.
O edifício foi construído na década de 60, a partir de projeto do
arquiteto Henrique Mindlin. É
um dos menores pavilhões do
Giardini di Castello, com apenas
250 m2.
"Next"
A Bienal de Veneza apresenta
neste ano o tema "Next" (próximo), com o objetivo de expor o
futuro da arquitetura mundial.
Além das representações nacionais, a Bienal de Veneza irá expor
110 projetos de arquitetos de Europa, América do Norte e Ásia.
Nenhum projeto de arquiteto
brasileiro foi selecionado, o que
reflete a falta de inserção do país
na arquitetura internacional.
Entretanto projetos de arquitetos estrangeiros que andam circulando pelo país foram escolhidos.
É o caso do francês Jean Nouvel
(Guggenheim-Rio), do suíço Bernard Tschumi (Museu de Arte
Contemporânea de São Paulo),
do holandês Rem Koolhas (artecidadezonaleste) e do português Álvaro Siza (Museu Iberê Camargo,
em Porto Alegre).
Já a participação brasileira, com
curadoria de Gloria Bayeux e Elisabete França, apresenta projetos
de caráter social. "Já levamos todos os importantes arquitetos
brasileiros a Veneza; por sugestão
da própria direção da Bienal, que
disse que não temos tecnologia
para competir com os países europeus, vamos mostrar projetos
em favelas do país", diz Bratke.
"Iremos expor três programas
de reestruturação de favelas: de
Alagados, em Salvador, Favela-Bairro, do Rio, e do saneamento
ambiental da Bacia do Guarapiranga, em São Paulo", afirma Bayeux. Os três projetos ficariam na
parte interna do pavilhão. Segundo a curadora, o custo da participação brasileira é de R$ 70 mil.
"Estamos buscando patrocínio",
conta Bayeux.
Casa de cachorro
Para ocupar a parte externa do
pavilhão, foi convidado o artista
de Camarões Pascale Martin Tayou, que participou da 25ª Bienal
de São Paulo, encerrada no último dia 2. Para Veneza devem ir as
casinhas de cachorro que Tayou
expôs na Bienal paulistana.
Em Kassel, na Alemanha, onde
também participa da Documenta
11, mostra inaugurada no último
sábado, Tayou confirmou à Folha
sua participação. "Sinto-me um
brasileiro, acho ótimo poder participar representando o país, até
porque minha obra é uma forma
de crítica ao sistema", disse o artista.
"Estamos tentando verificar como é possível rebaixar os custos
da reforma do pavilhão, mas já estamos até pensando em mantê-lo
nesse estado depredado, já que o
tema que iremos tratar é mesmo a
favela", afirma Bratke.
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