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Brasil no sónar e sónar no Brasil
São Paulo recebe em setembro megafestival de música, arte e tecnologia que começa nesta quinta-feira em Barcelona
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir da próxima quinta-feira
acontece em Barcelona um dos
principais eventos de música e arte eletrônica da Europa. É a 11ª
edição do Sónar, que, ao longo de
três dias e três noites, apresenta o
que há de melhor e mais novo no
casamento entre arte e tecnologia.
Barcelona, né? Bom para eles...
Que nada: a novidade é que, como
já vinha acontecendo em Tóquio,
Frankfurt e Londres, o Sónar desembarca pela primeira vez nas
Américas com um formato bastante semelhante. E o local escolhido para a farra eletrônica, entre
9 e 12/9, foi a cidade de São Paulo.
Alguns dos nomes que participam do evento espanhol já estão
confirmados em terras brasileiras. É o caso de Four Tet, projeto
indie eletrônico do inglês Kieran
Hebden, do duo finlandês Pan Sonic, minimalistas do selo Mute, e
do rapper americano Beans, ex-membro do Anti Pop Consortium, que atualmente lança seu
trabalho pelo selo Warp.
Também tocam lá e cá o pouco
conhecido produtor islandês Mugison, o multimídia dinamarquês
Carsten Nicolai e, cortesia da casa,
o DJ catalão Fibla.
Todos eles integrarão a porção
musical diurna, que volta os olhos
a trabalhos mais de vanguarda e
conta ao todo com 24 músicos e
DJs, dos quais metade é internacional. Ainda não foram definidos para a versão brazuca os nomes das atrações noturnas, que,
na Espanha, incluem um duelo
imperdível entre os DJs Richie
Hawtin e Ricardo Villalobos, um
show do Massive Attack e os sets
sempre empolgantes de Jeff Mills,
Hell e Tiga, entre (muitos) outros.
Da seleção de filmes e videoclipes que integram a versão espanhola do festival também já estão
confirmados no Brasil o longa
"Bodysong", de Simon Pummell e
trilha sonora do Radiohead Jonny
Greenwood, os curtas do festival
inglês de novos talentos Onedotzero e, finalmente, uma pequena
mostra dos clipes musicais dirigidos por Roman Coppola (Moby,
Daft Punk, Cassius, Fatboy
Slim...).
Em seu aspecto propriamente
multimídia, composto por instalações e trabalhos de net art, a curadoria brasileira, a cargo de Lucas Bambozzi, ainda não anunciou os participantes, mas deve
privilegiar trabalhos nacionais.
A programação completa, bem
como os locais de realização do
Sónar brasileiro, também deve ser
informada nos próximos dias pela organização.
Segundo a Folha apurou, os endereços mais prováveis para um
evento desse porte seriam o Instituto Cultural Tomie Ohtake, para
as exposições e a programação
diurna, e o Credicard Hall, suficiente para receber o público de
quase 10 mil pessoas esperado para as duas noites do festival, que
reunirá em dois palcos 27 atrações diferentes.
Educação eletrônica
Anunciado no início do ano como parte do projeto Nokia
Trends -o mesmo que trouxe
Fatboy em março ao país-, o Sónar paulista é uma parceria da fabricante de celulares com a produtora de espetáculos CIE-Brasil.
"Queríamos investir em um
evento que fosse complementar a
tudo o que já estava acontecendo
aqui", afirmou Coy Freitas, 35, diretor de criação da CIE, em referência a outros festivais de música
eletrônica que têm seu foco na diversão, como o Skol Beats. "É necessário que o público brasileiro
entenda a eletrônica não como
uma moda e, sim, como uma cultura em constante transformação,
ligada à música e também às artes
visuais multimídia", destacou.
Assim, sob essa mesma variável
"educativa" do projeto, alguns artistas brasileiros serão enviados à
Europa para um "estágio" em
eventos afins, como o Ars Eletronica, realizado em setembro na
Áustria, e o próprio Sónar na Espanha, que nesta sexta-feira recebe o DJ Patife, o embaixador do
funk carioca DJ Marlboro e os
rappers eletrônicos do Instituto e
Nego Moçambique.
Os três últimos promovem um
showcase batizado de Eletronika
Brazil e enfrentam a responsabilidade de segurar o palco para as
apresentações seguintes de So Solid Crew, Matthew Herbert e 2
Many DJs, que esteve no ano passado no Tim Festival, no Rio.
"Nossa intenção não é só importar o que é bacana lá de fora.
Queremos que haja um intercâmbio, que os artistas que levamos
vejam o que está acontecendo por
lá e tragam essa informação para
ser disseminada aqui", insiste
Wal Flor, 31, gerente de marketing da Nokia no Brasil.
Tanto empenho, claro, tem o
objetivo comercial de "estimular
o consumo de música e arte multimídia através dos aparelhos celulares". Uma das principais
apostas de fabricantes e operadoras de telefonia, a distribuição de
música, videoclipes e games pelo
celular tem sido vista como o
grande porto seguro da ressabiada indústria do entretenimento,
às voltas com os problemas de
distribuição ilegal de seus conteúdos pela internet.
Segundo o contrato dos artistas
com a patrocinadora, todo o conteúdo de suas performances durante o Sónar no Brasil poderá ser
utilizado e distribuído por esse canal. Resta saber quem desfrutará
das novidades e quem vai ficar de
fora: "O mercado brasileiro ainda
é pequeno, mas estamos indo
atrás. A idéia é disponibilizar esse
conteúdo para todo mundo, não
só para aquele que tem um celular
de R$ 1.500", afirma Flor.
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