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Caixa passeia por quatro décadas de Chico Buarque
Coletânea reúne, pela primeira vez, faixas de todas as gravadoras pelas quais o artista passou na carreira
Pesquisador seleciona para quatro CDs algumas canções pouco conhecidas e versões inéditas de "Tanto Amar" e "Samba do Grande Amor"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL
Que diferença há entre "Chico Buarque - Essencial" e tantas outras coletâneas do artista
já lançadas? É a primeira vez
que se consegue compilar fonogramas de toda a carreira de
Chico, espalhada por quatro
gravadoras em quatro décadas
-afora as participações em discos de outras.
A conquista é resultado dos
esforços de Vinicius França,
produtor de Chico, e permitiu
ao pesquisador Rodrigo Faour
montar um painel amplo, dividido em quatro CDs temáticos:
"Samba e Amor", "Todo o Sentimento", "Cotidiano" e "Entre
Amigos, Paratodos".
O título "Essencial" é pernóstico, pois nem com 56 faixas
cobre-se o essencial da obra do
compositor. E muitas escolhas
estão bem mais para curiosas
do que inevitáveis.
É o caso de parte do CD 4, em
que Chico canta com outros.
"Valsinha" com Nelson Gonçalves, "Quem te Viu, Quem te
Vê" com Cauby Peixoto e "Paroara" com Fagner e Fausto Nilo não são imperdíveis; atraem,
sobretudo, pelo inusitado.
Atraem mais os duos com
Nara Leão ("João e Maria"),
Francis Hime ("Pássara"), Toquinho (medley de "Lua
Cheia", "Samba de Orly" e
"Samba pra Vinicius") e Marianna Leporace, ao lado de
quem Chico interpretou pela
primeira vez, em 2000, "Tororó", parceria com Edu Lobo de
12 anos antes.
Lado B
Esse olhar sobre itens menos
conhecidos da obra também se
reflete nas escolhas, por exemplo, de "Injuriado" e "Cantando
no Toró" para o CD 1 e de "Ludo
Real" e "Sentimental" para o 2,
fugindo do "mais do mesmo"
que acomete coletâneas.
"Tive o cuidado de reunir sucessos essenciais da obra de
Chico e alguns lados B também
essenciais. Essas músicas, sendo ouvidas no meio das consagradas, acabam com aura de
clássicas", acredita Faour, que
cuidou da reedição da discografia completa de Maria Bethânia, entre outros trabalhos.
Das inegavelmente clássicas,
Faour deu preferências às versões do acervo da SonyBMG,
produtora da caixa. Assim, "O
Meu Amor", "Partido Alto" e
"Samba do Grande Amor" entram em versões ao vivo -sendo a última inédita em disco,
pois ficou de fora de "Chico ao
Vivo" (1999)- sem perderem
muito. Já no caso de "Cotidiano", o registro de 1999, embora
muito bom, não tem como superar o original de 1971, do disco "Construção".
"A SonyBMG até possui fonogramas ao vivo de "As Vitrines", "Vida" e "Vai Passar", por
exemplo, mas preferi pedir os
originais à Universal por serem
gravações antológicas e insubstituíveis", diz Faour.
Ele aproveitou bastante os
"arranjos arrojados" de "Uma
Palavra", disco de 1995 que é
pouco lembrado, pois foi gravado sem músicas inéditas e antes de Chico se retirar para escrever o romance "Benjamim".
Seis faixas estão na caixa, além
de uma versão de "Tanto
Amar" que não entrou no CD.
Há escolhas que justificam o
"Essencial", como "Choro Bandido", "Futuros Amantes",
"Valsa Brasileira" e "Tatuagem" no CD 2, e "Pedro Pedreiro", "O Meu Guri", "Trocando
em Miúdos" e "Bye Bye Brasil"
no 3. Mas há, pelo menos, uma
ausência lastimável: "Eu te
Amo" -aliás, não há nenhuma
parceria com Tom Jobim no
conjunto.
A caixa se completa com o
DVD "Chico ou o País da Delicadeza Perdida", em que ele e
sua obra são a base para os diretores Walter Salles e Nelson
Motta falarem do Brasil.
CHICO BUARQUE - ESSENCIAL
Gravadora: SonyBMG
Quanto: R$ 113, em média (4 CDs e
1 DVD)
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