|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GASTRONOMIA
Produção de variedades selecionadas, por pequenas fazendas e cooperativas brasileiras, leva bebida de melhor qualidade às mesas
Grãos especiais refinam o "cafezinho"
GIULIANA BASTOS
DO GUIA DA FOLHA
Vai longe o dia em que o brasileiro só tomava café de má qualidade, pois os bons grãos eram exportados -para Alemanha, Estados Unidos, Itália e Japão, principalmente. Atualmente, parte do
café de grãos arábica (de qualidade superior) plantados, colhidos e
secados de maneira adequada fica
no Brasil para ser processado,
vendido e servido para o mercado
interno.
Nas prateleiras dos supermercados, são dezenas de cafés especiais e gourmets, feitos por pequenas fazendas e cooperativas. Segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), de
2000 a 2004 foram criadas cerca
de 120 novas marcas de café gourmet. Em restaurantes, bares e cafeterias de São Paulo, não raro nos
deparamos com um café cremoso
e aromático e, quando perguntamos a marca, a resposta é um nome brasileiro, mas desconhecido,
mesmo para os mais apaixonados
pelo tema.
Embora seja o maior exportador de café verde (não-industrializado) do mundo -27 milhões
de sacas por ano-, o Brasil vende
ao exterior uma quantidade cinco
vezes menor quando se trata do
café processado. E o quadro fica
ainda mais grave quando se percebe que a matéria-prima sai daqui e atravessa o oceano para ser
torrado por indústrias com custos
em euro e, depois, volta para ser
consumida por um valor muito
mais alto.
"Se somos os maiores produtores de café do mundo, responsáveis por quase 35% da produção
mundial, não há razão para que o
consumo de marcas estrangeiras
seja alto", explica Edgard Bressani, diretor da BSCA (Associação
Brasileira de Cafés Especiais),
coordenador do programa Cafés
do Brasil do Ministério da Agricultura e membro da Associação
de Cafés Especiais da América.
Na verdade, há alguns anos, havia diversas razões. Nos anos 80, o
café brasileiro era associado a um
produto adulterado, pois o oferecido ao mercado interno era realmente de baixa qualidade. "Feito
com os grãos verdes misturados a
grãos inferiores e deteriorados,
secos num terreiro muitas vezes
não pavimentado, em contato direto com a terra..., ou seja, péssimo", explica Bressani.
Alguns produtos ainda estão
nesse patamar, mas, na década de
90, com a abertura do mercado e a
criação de selos e associações, o
consumo de cafés gourmets e certificados (de qualidade superior)
aumentou significativamente e
hoje representa 20% do mercado
do produto no país.
A melhoria dos produtos não se
resume aos cafés gourmets. A
Abic, por exemplo, criou há dois
anos um programa de incentivo
ao processamento de café, voltado para o mercado externo, mas
que traz resultados também para
a qualidade do café consumido
por aqui. Com o programa, a associação projeta um aumento de
20% no consumo interno de café.
Além de impulsionar a concorrência entre as mais de 220 mil fazendas de café do país, esse movimento vem associado ao investimento na formação profissional
de baristas,
em consultorias especializadas e
em melhores máquinas de torra,
moagem e preparo. O resultado é
perceptível nas xícaras especiais, a
cada dia mais procuradas -nos
últimos cinco anos, segundo a
Abic, foram abertas quase 700 cafeterias no Brasil, sendo que 400
delas em São Paulo.
Texto Anterior: Visuais: Artistas exibem suas visões do cotidiano Próximo Texto: Mundo gourmet: Costanera serve parrilla argentina em ambiente tropical Índice
|