ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

O cotidiano se instalou temporariamente como personagem na galeria Fortes Vilaça, onde os artistas plásticos Leda Catunda e José Antonio Hernández-Diez lhe deram contornos em aquarelas, colagens, esculturas ou fotos.
Catunda, 43, leva àquele espaço trabalhos em papel "feitos continuamente" em seu ateliê. "Eles têm uma função muito fundamental no processo criativo", explica a artista. Em aquarelas ou colagens que experimentam texturas, imagens e formas, as peças registram o dia-a-dia da elaboração de obras "maiores" da artista.
"As colagens são mais diretas, têm uma efemeridade que o papel sempre traz", diz. "É um processo mais veloz, menos crítico. A crítica acontece justamente na hora de escolher esses trabalhos para expor", continua. "É uma espécie de vanguarda da minha própria produção", define a artista.
Do cotidiano da elaboração ao registro do próprio cotidiano, vem Hernández-Diez. O venezuelano radicado há seis anos em Barcelona, na Espanha, construiu uma série de seis fotografias, "Cuidados", e escadas rolantes em miniatura que, segundo o artista, funcionam como "vasos comunicantes, espaços de transição em um plano cinematográfico".
Nas fotografias, Diez mostra peças de roupa, com destaque para as etiquetas de manutenção que indicam como lavar, passar, alvejar, conservar o tecido.
Para ele, o cuidado que a roupa demanda, em etiquetas, equivale aos cuidados necessários nas relações humanas, que, no entanto, não têm manual de instrução. "As relações precisam de cuidados, assim como as roupas. São ambos micromundos da vida cotidiana", diz Diez.