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Supersábado leva Antonio Meneses e Nelson Freire a Campos
Violoncelista se apresenta à tarde no Palácio Boa Vista, e pianista toca à noite com a Orquestra Sinfônica Brasileira do Rio, regida por Roberto Minczuk
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Hoje é o supersábado do Festival Internacional de Inverno
de Campos do Jordão. Antonio
Meneses (violoncelo) e Nelson
Freire (piano), os dois principais nomes brasileiros da música clássica na atualidade, sobem a serra para se apresentar.
Pernambucano radicado na
Suíça e membro do Trio Beaux
Arts, um dos mais importantes
grupos de câmara do planeta,
Meneses toca em duo com a
pianista Celina Szrvinsk, à tarde, no Palácio Boa Vista, de só
120 lugares. O programa destaca a exigente "Sonata opus 40",
do russo Dmitri Chostakovitch,
cujo centenário de nascimento
é celebrado em 2006.
Já Freire é a atração da noite,
no Auditório Cláudio Santoro.
Com a Orquestra Sinfônica
Brasileira da Cidade do Rio de
Janeiro, regida por Roberto
Minczuk (diretor artístico do
festival e comandante da OSB
desde o ano passado), ele executa a mesma obra que marcou
sua primeira apresentação orquestral, há exatos 50 anos: o
"Concerto nº 9" de Mozart, cujo 250º aniversário é um dos temas do festival deste ano.
Outro eixo temático do evento é a música russa, o que explica o fato de o programa incluir
também dois compositores daquele país: Borodin, com as
"Danças Polovtsianas", da ópera "Príncipe Igor", e Tchaikovski, com a "Sinfonia nº 5".
"Perguntei nos ensaios, e não
tem na orquestra ninguém daquela época", conta o pianista,
que, em 1956, fez o concurso de
jovens solistas da OSB, cujo
prêmio era solar com a orquestra no Teatro Municipal do Rio,
em um domingo de manhã.
"Marcaram a apresentação
para maio, mas, como eles não
tinham as partituras de orquestra, acabaram transferindo para agosto, para dar tempo de
comprar o material", lembra. A
regência foi de Lamberto Baldi,
ao qual o solista é grato pela atitude compreensiva na récita.
"No segundo movimento, eu
me distraí e tive um pequeno
lapso de memória. O [regente]
Baldi seguiu em frente, e logo
me achei. Muita gente na platéia nem notou o que houve.
Em situações assim, já vi maestros pararem a apresentação e
fazerem o pianista tocar tudo
de novo, desde o começo, o que
teria sido muito traumático para uma criança da minha idade", afirma Freire, atualmente
com 61 anos.
O programa de hoje será repetido no Rio, em um concerto
beneficente, em 12 de agosto. A
São Paulo ele deve voltar em
novembro, para recital solo, e
também em 2007, festejando
outra efeméride, a dos 50 anos
de sua estréia na cidade.
A carreira fonográfica continua em alta. Seu recém-lançado álbum duplo com os dois
concertos para piano e orquestra de Brahms, ao lado da Orquestra Gewandhaus, de Leipzig, sob a batuta de Riccardo
Chailly, foi elogiado pela crítica
internacional. Além disso, o
pianista registrou, em abril, pelo mesmo selo, Decca, um álbum com sonatas de Beethoven: "Les Adieux", "Ao Luar",
"Waldstein" e "Opus 110".
Trata-se da primeira vez em
que ele grava um disco inteiramente dedicado ao compositor
alemão. "A gente não pára de
descobrir coisas quando toca
Beethoven. A gravação me fez
tanto bem que, embora estivessem previstos quatro dias, acabei fazendo tudo em três", conta, sobre o CD que deve chegar
ao Brasil no final do ano.
Planos para o futuro incluem
uma nova turnê brasileira com
sua única parceira de música de
câmera, a vulcânica pianista argentina Martha Argerich. "Ela
gostou muito de se apresentar
por aqui. Vamos ver se a gente
consegue voltar", diz.
(IFP)
Antonio Meneses
Quando: hoje, às 16h30
Onde: Palácio Boa Vista (av. Dr.
Adhemar de Barros, 3001, Campos
do Jordão, tel. 0/xx/12/3662-1122)
Quanto: R$ 80
Nelson Freire
Quando: hoje, às 21h
Onde: Auditório Cláudio Santoro (av.
Arrobas Martins, 1.800, Campos do
Jordão, tel. 0/xx/12/3662-2334)
Quanto: R$ 80
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