São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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Polêmica cerca concurso de piano da Osesp

Coordenador inicial da seleção musical, Ilan Rechtman foi demitido e substituído pelo maestro John Neschling

Candidatos avisados pela direção do certame de que estavam classificados não aparecem na lista oficial; osquestra rebate acusações

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A mais cara e ambiciosa competição de música jamais ocorrida no Brasil começa em agosto cercada de acusações e polêmicas. Candidatos avisados pela direção do certame de que estavam classificados para o Concurso Internacional de Piano Villa-Lobos, organizado pela Osesp, não tiveram seus nomes incluídos na lista divulgada pela competição.
Com orçamento de U$ 3,2 milhões, o concurso é uma iniciativa do Itamaraty e está agendado para a semana entre 13 e 20 de agosto, em São Paulo, atribuindo uma premiação de US$ 30 mil para o vencedor.
Seu coordenador artístico era o israelense Ilan Rechtman, que convidou dois jurados, o americano Jeffrey Moidel, e o paulista Gilberto Tinetti, para ouvirem os CDs dos inscritos e selecionarem os finalistas.
Com base em Moidel e Tinetti, Rechtman chegou a uma relação de 24 finalistas, com os quais começou a entrar em contato. Contudo, foi demitido por John Neschling, diretor artístico da Osesp, em 28 de abril, e substituído pelo próprio Neschling, enquanto a pianista Rosana Martins, posteriormente efetivada como administradora da orquestra, entraria no lugar de Moidel.
Quando da divulgação da lista dos 20 candidatos escolhidos, em 16 de maio, Rechtman notou que apenas nove dos 24 concorrentes de sua seleção anterior haviam entrado. Ficaram de fora nomes como o do chinês Wen Yu Shen; e entraram candidatos como Olga Kopylova, pianista da Osesp. A versão completa de Rechtman pode ser lida em www.cipvl.squareespace.com/journal
Se Moidel escreveu uma carta manifestando sua estranheza pela discrepância entre o resultado e a sua avaliação, Tinetti endossa os nomes divulgados. Ele crê que Rechtman se precipitou ao falar com candidatos sem que houvesse uma relação oficial. "Lista definitiva só teve uma vez", afirma o pianista, que estará no júri do concurso, em agosto.
Ontem à tarde, a Fundação Osesp soltou uma nota oficial defendendo a lisura da competição e confirmando a lista de maio como a única oficial.
A nota afirma que Rechtman "já havia contactado candidatos aprovados ao seu próprio alvedrio". Diz ainda que, em 27 de abril, por e-mail, Rechtman confessou a Neschling "que havia manipulado resultados e alterado as notas atribuídas a determinados candidatos pelo Sr. Tinetti. Neste momento foi demitido de suas funções."
"Era importante para mim que a seleção fosse objetiva, e livre de motivos políticos. Foi por isso que eu contratei o professor Moidel, uma pessoa que não tem ligação com a cena política e musical brasileira", defende-se Rechtman, descartando a acusação de manipulação. "O que a Osesp fez foi me substituir pelo diretor da Osesp, e substituir o professor Moidel pela administradora da Osesp. Eles não deixaram ninguém de fora supervisionar a seleção."


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