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Polêmica cerca concurso de piano da Osesp
Coordenador inicial da seleção musical, Ilan Rechtman foi
demitido e substituído pelo maestro John Neschling
Candidatos avisados pela
direção do certame de que
estavam classificados não
aparecem na lista oficial;
osquestra rebate acusações
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A mais cara e ambiciosa competição de música jamais ocorrida no Brasil começa em agosto cercada de acusações e polêmicas. Candidatos avisados pela direção do certame de que estavam classificados para o Concurso Internacional de Piano
Villa-Lobos, organizado pela
Osesp, não tiveram seus nomes
incluídos na lista divulgada pela competição.
Com orçamento de U$ 3,2
milhões, o concurso é uma iniciativa do Itamaraty e está
agendado para a semana entre
13 e 20 de agosto, em São Paulo,
atribuindo uma premiação de
US$ 30 mil para o vencedor.
Seu coordenador artístico
era o israelense Ilan Rechtman,
que convidou dois jurados, o
americano Jeffrey Moidel, e o
paulista Gilberto Tinetti, para
ouvirem os CDs dos inscritos e
selecionarem os finalistas.
Com base em Moidel e Tinetti, Rechtman chegou a uma relação de 24 finalistas, com os
quais começou a entrar em
contato. Contudo, foi demitido
por John Neschling, diretor artístico da Osesp, em 28 de abril,
e substituído pelo próprio
Neschling, enquanto a pianista
Rosana Martins, posteriormente efetivada como administradora da orquestra, entraria no lugar de Moidel.
Quando da divulgação da lista dos 20 candidatos escolhidos, em 16 de maio, Rechtman
notou que apenas nove dos 24
concorrentes de sua seleção
anterior haviam entrado. Ficaram de fora nomes como o do
chinês Wen Yu Shen; e entraram candidatos como Olga
Kopylova, pianista da Osesp. A
versão completa de Rechtman
pode ser lida em www.cipvl.squareespace.com/journal
Se Moidel escreveu uma carta manifestando sua estranheza pela discrepância entre o resultado e a sua avaliação, Tinetti endossa os nomes divulgados. Ele crê que Rechtman se
precipitou ao falar com candidatos sem que houvesse uma
relação oficial. "Lista definitiva
só teve uma vez", afirma o pianista, que estará no júri do concurso, em agosto.
Ontem à tarde, a Fundação
Osesp soltou uma nota oficial
defendendo a lisura da competição e confirmando a lista de
maio como a única oficial.
A nota afirma que Rechtman
"já havia contactado candidatos aprovados ao seu próprio
alvedrio". Diz ainda que, em 27
de abril, por e-mail, Rechtman
confessou a Neschling "que havia manipulado resultados e alterado as notas atribuídas a determinados candidatos pelo Sr.
Tinetti. Neste momento foi demitido de suas funções."
"Era importante para mim
que a seleção fosse objetiva, e
livre de motivos políticos. Foi
por isso que eu contratei o professor Moidel, uma pessoa que
não tem ligação com a cena política e musical brasileira", defende-se Rechtman, descartando a acusação de manipulação.
"O que a Osesp fez foi me substituir pelo diretor da Osesp, e
substituir o professor Moidel
pela administradora da Osesp.
Eles não deixaram ninguém de
fora supervisionar a seleção."
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