Adaptação da HQ de Maitena foca três personagens e tem banda no palco

A fim de preservar a agilidade das histórias em quadrinhos, peça de Andrea Maltarolli tem cenas cômicas curtas

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Será que vou sobreviver?" Essa foi a primeira questão que passou pela cabeça do diretor Eduardo Figueiredo ao se ver cercado por um elenco quase totalmente feminino -seis mulheres e um só homem.
Depois de dois meses de ensaio e sem nenhum arranhão, ele leva ao teatro Procópio Ferreira, a partir de amanhã, a peça "Mulheres Alteradas", comédia escrita a partir de quadrinhos da argentina Maitena.
Em cena estão Luiza Tomé, Mel Lisboa, Daniele Valente e, praticamente mudo, o ator André Bankoff. Também sobem ao palco as integrantes da Banda Alterada (criada para a peça), que executa a trilha sonora ao vivo.
Conta Eduardo, o ti-ti-ti das mulheres que Maitena retratou de forma poética e caricatural, sempre com traços de neurose e futilidade, chegava a se estender para fora de cena. "Nos intervalos dos ensaios, a conversa ainda pendia para a celulite, gordura, problemas com os filhos, com o marido", diz.
É esse o clima que a dramaturga Andrea Maltarolli tentou condensar em cenas cômicas curtas, que tentam preservar a agilidade dos quadrinhos. A peça foi um dos últimos trabalhos de Maltarolli, jovem roteirista da Globo, que morreu em 2009 por complicações em decorrência de um câncer.
Eduardo conta que Maitena, de início, resistiu em ceder os direitos sobre sua obra, temendo justamente a transposição para o palco de um tipo de trabalho que, por natureza, é curto. O texto, de qualquer forma, foi lido e aprovado por ela.
A diferença é que, em geral, suas personagens não têm nome. Na peça, elas são batizadas Lisa (separada, mãe de um filho), Alice (solteira, rica e meio avoada) e Norma (executiva pragmática, casada, com dois filhos e grávida pela terceira vez).