São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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Chile aborda totalitarismo

do enviado a Avignon

O grupo Troppa, único representante do Chile no Festival de Avignon, optou por uma adaptação do romance de Agota Kristof (Hungria) para mostrar um problema bastante conhecido do Chile: o poder totalitário.
Devido à ocupação alemã na região, dois irmãos gêmeos vão viver com a avó. A convivência entre eles é complicada. A avó não toma banho e esconde comida, que trafica no mercado negro. Mas os dois, juntos, passam a aprender a levar a vida nessa difícil situação.
Fazem exercícios para aprender a viver na nova conjuntura. Um deles é jejuar, para que, quando precisarem, não sintam fome. Descobrem como pressionar a dona da casa, se aproveitar dos vizinhos, além de chantagear o padre da cidade.
A Hungria é liberada, mas Kristof, que fugiu do país em 1956, tem uma visão bastante dura dos libertadores soviéticos. "Temos o nosso próprio governo, mas os libertadores mandam nele", afirma um dos gêmeos.
"Esse romance foi para nós um descobrimento", disse Juan Carlos Zagal, um dos três integrantes do grupo. "Mostra que estamos num labirinto, mas sempre encontramos uma saída, ainda que para um outro labirinto."
Além de apresentar uma leitura coesa de "Gemelos" (Gêmeos), o Troppa trabalha bem com o cenário, dividido em duas partes. Maquiagem, bonecos e diferentes fundos também mudam constantemente o clima da ação, do drama à comédia. (HCS)


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