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DA RUA
Psicose
FERNANDO BONASSI
Você me chega como quem
não quer nada, procurando
no escuro obsceno dessa estrada por um pouso sereno,
uma cama pra esticar esse
corpinho cheio de coxas,
seios e anáguas. De que negócio escuso você vem com susto? Onde meteu a mão sem
ser chamada? É esquisita...
mal me espera sair pra espalhar esse jornal sujo de vergonha pelo criado-mudo. Despe-se pra minha inocência
naquele escritório além da
parede... e ainda quer comida
pronta?! Só posso te oferecer
esse quarto espiado, minha
lucidez empalhada e um copo
de leite quente. Não me olhe
assim que eu penso coisas estranhas... podia pendurá-la
nesta parede... podia metê-la
naquele porta-malas... Com
licença, dona: tá na hora de
chamar a mamãe.
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