|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIVRO/LANÇAMENTO
Com recital em SP, baiano apresenta hoje "O Mel do Melhor", antologia de seus "filhotes preferidos"
Waly Salomão concentra sumo em seleta
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Conta Waly Salomão, 57, que
há algum tempo lhe insistiam que
publicasse uma coletânea. Mas foi
só este ano que o autor baiano
conseguiu se convencer a reunir
seus "filhotes preferidos", entre
prosa e poesia, em "O Mel do Melhor", lançado hoje em São Paulo.
"Eu resistia", diz Salomão, explicando que queria evitar um resultado que parecesse "uma missa
de corpo presente".
Na introdução ao livro, Salomão avisa ao leitor: "Os critérios
que presidem a escolha de textos
para uma antologia qualquer
sempre são inchados de parcialismos, arbitrariedades e paradigmas idiossincráticos. Área de nebulosidade e instabilidade que é
ampliada ainda mais quando cabe ao próprio autor escolher os favoritos entre os seus filhotes".
Em entrevista à Folha, por telefone, ele faz mais uma ressalva:
"Tem horas em que olho para outros poemas e eles são superiores
aos que escolhi. É muito instável".
Então qual é o critério que permanece? A intenção de Salomão
ao pensar "O Mel do Melhor"
-título que, lembra, veio de bate-pronto, ao tentar traduzir, para a
amiga Heloísa Buarque de Hollanda, o espírito "pragmático"
que mostram os norte-americanos quando chamam de "the best
of" as coletâneas como esta.
Percorrendo sua carreira, desde
o primeiro livro, "Me Segura
Qu'Eu Vou Dar um Troço" (71),
até "Tarifa de Embarque" (2000),
ele coloca como norte da escolha a
busca por "dar água na boca" de
quem gostasse de sua poesia, para
que este público pudesse ver "momentos que eu reputasse altos".
Outra coisa que não muda é um
eterno agradecimento: "O Mel do
Melhor" é dedicado a Hélio Oiticica. Foi na casa da família do artista plástico, no Rio, que Salomão
encontrou pouso e, assim, logrou
concluir "Me Segura".
Na dedicatória, atribui ao convívio com Oiticica o título de estímulo "mais determinante para o
surto" de sua produção poética.
"Foi graças a ele que pude manter a vontade de escrever num
momento difícil, no final dos anos
60, em que era um nômade",
completa Salomão, por telefone.
Sobre a obra do amigo e impulsionador, o poeta escreveu em 96
o livro de ensaios "Hélio Oiticica,
Qual É o Parangolé?". Salomão
conta que pretende reeditar o livro, hoje esgotado, em 2002. Mas,
no momento, o que é certo é o relançamento, sempre pela Rocco,
de "Me Segura", "Gigolô de Bibelôs" e "Armarinho de Miudezas".
A arquiteta Lina Bo Bardi (1914-92) é outra homenageada e salta
das páginas de "O Mel do Melhor" para o evento desta noite.
Não por acaso, o livro é lançado
com recital de Salomão no Sesc
Pompéia, de autoria da italiana.
"Fábrica do Poema" é como Salomão chamou o texto-homenagem, em referência ao edifício fabril restaurado por Bo Bardi para
o Sesc. O poema, que também está na coletânea, diz: "O prédio, pedra e cal, esvoaça/ como um leve
papel solto a mercê do vento".
Salomão recitará no Sesc, além
de poemas seus, textos de Oswald
de Andrade, Manuel Bandeira,
Carlos Drummond de Andrade,
Murilo Mendes e Augusto dos
Anjos, poeta que, para ele, "permaneceu na memória popular", a
qual ele pretende reverenciar esta
noite com uma leitura "limpa,
sem grandes pirotecnias".
O MEL DO MELHOR - De Waly Salomão.
Editora: Rocco (tel. 0/xx/21/2507-2000,
www.rocco.com.br). Coletânea de
textos selecionados pelo próprio autor.
124 págs. R$ 22. Lançamento: hoje, das
18h30 às 21h, no Sesc Pompéia (r. Clélia,
93, SP, tel. 0/xx/11/3871-7700), com
recital do autor e sessão de autógrafos.
Texto Anterior: Erudito Próximo Texto: Série quer renovar debate político Índice
|