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Série quer renovar debate político
DA REPORTAGEM LOCAL
Imanente é algo "que está contido em ou que provém de um ou
mais seres, independentemente
de ação exterior".
Entre as definições dadas pelo
dicionário para o termo, foi esta a
escolhida pela editora Iluminuras
para situar sua nova coleção, chamada Políticas da Imanência.
É o filósofo carioca Rogério da
Costa, 41, quem explica à Folha as
ambições da série, que ele organiza com o colega Peter Pál Pelbart,
buscando mostrar que a discussão de noções políticas deve fazer
parte do dia-a-dia das pessoas.
"Queremos dar voz a trabalhos
que, juntos, poderiam colaborar
com a idéia de renovar o debate
político", diz. "As pessoas não se
reconhecem mais no modo como
certas questões são colocadas."
Para Costa, o debate político está na arte, na dança, na arquitetura. A coleção, frisa, irá buscar nomes dessas áreas, mas começa
com uma assinatura famosa pela
polêmica: Antonio (ou Toni, alcunha preferida na série) Negri.
O texto escolhido, "Exílio", foi
publicado na França, em 98, país
onde o professor italiano se refugiou por 14 anos.
Após ser julgado culpado de incitar, com seu pensamento, atos
terroristas, entre os quais o assassinato, pelas Brigadas Vermelhas,
de Aldo Moro, líder do Partido
Democrata Cristão, Negri se auto-exilou em Paris. Eleito deputado,
havia garantido a liberdade pela
imunidade parlamentar, mas a
Justiça decidiu cassá-la. Em 97,
voltou à Itália, onde hoje cumpre
sua pena em regime domiciliar.
"Até que Negri é mais da área da
política", concorda Costa, mas faz
uma ressalva: "O primeiro livro é
este, um bate-papo, que acredito
ter um apelo, e não "Império",
aquele calhamaço" -até porque,
admite, teria sido difícil obter os
direitos da bíblia neomarxista que
acaba de sair pela Record.
"Queríamos começar com "Exílio", mas era pequeno" -então,
explica, somaram ao texto original o ensaio "Valor e Afeto" e uma
entrevista com o autor.
Para exemplificar o que deve ser
a estratégia da série -"buscar
que questões as pessoas se colocam", tentando fugir do "abstrato"-, Costa aponta para o segundo livro. Ele define "Genealogias
da Amizade", do espanhol Francisco Ortega, como "um levantamento do sentido das relações, de
Platão até hoje".
Entre os próximos nomes, estão
Franco Berardi, ligado a iniciativas clínicas antimanicomiais na
Itália, e a brasileira Suely Rolnik,
que fará uma leitura da obra da
artista Lygia Clark.
(FA)
EXÍLIO - ("Exile", França, 1998). De Toni
Negri. Editora: Iluminuras (tel. 0/xx/11/
3068-9433, www.iluminuras.com.br).
Tradução: Renata Cordeiro. Primeira
edição brasileira, agregada do ensaio
"Valor e Afeto". 96 págs. R$ 20.
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