São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2001

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Série quer renovar debate político

DA REPORTAGEM LOCAL

Imanente é algo "que está contido em ou que provém de um ou mais seres, independentemente de ação exterior".
Entre as definições dadas pelo dicionário para o termo, foi esta a escolhida pela editora Iluminuras para situar sua nova coleção, chamada Políticas da Imanência.
É o filósofo carioca Rogério da Costa, 41, quem explica à Folha as ambições da série, que ele organiza com o colega Peter Pál Pelbart, buscando mostrar que a discussão de noções políticas deve fazer parte do dia-a-dia das pessoas.
"Queremos dar voz a trabalhos que, juntos, poderiam colaborar com a idéia de renovar o debate político", diz. "As pessoas não se reconhecem mais no modo como certas questões são colocadas."
Para Costa, o debate político está na arte, na dança, na arquitetura. A coleção, frisa, irá buscar nomes dessas áreas, mas começa com uma assinatura famosa pela polêmica: Antonio (ou Toni, alcunha preferida na série) Negri.
O texto escolhido, "Exílio", foi publicado na França, em 98, país onde o professor italiano se refugiou por 14 anos.
Após ser julgado culpado de incitar, com seu pensamento, atos terroristas, entre os quais o assassinato, pelas Brigadas Vermelhas, de Aldo Moro, líder do Partido Democrata Cristão, Negri se auto-exilou em Paris. Eleito deputado, havia garantido a liberdade pela imunidade parlamentar, mas a Justiça decidiu cassá-la. Em 97, voltou à Itália, onde hoje cumpre sua pena em regime domiciliar.
"Até que Negri é mais da área da política", concorda Costa, mas faz uma ressalva: "O primeiro livro é este, um bate-papo, que acredito ter um apelo, e não "Império", aquele calhamaço" -até porque, admite, teria sido difícil obter os direitos da bíblia neomarxista que acaba de sair pela Record.
"Queríamos começar com "Exílio", mas era pequeno" -então, explica, somaram ao texto original o ensaio "Valor e Afeto" e uma entrevista com o autor.
Para exemplificar o que deve ser a estratégia da série -"buscar que questões as pessoas se colocam", tentando fugir do "abstrato"-, Costa aponta para o segundo livro. Ele define "Genealogias da Amizade", do espanhol Francisco Ortega, como "um levantamento do sentido das relações, de Platão até hoje".
Entre os próximos nomes, estão Franco Berardi, ligado a iniciativas clínicas antimanicomiais na Itália, e a brasileira Suely Rolnik, que fará uma leitura da obra da artista Lygia Clark. (FA)


EXÍLIO - ("Exile", França, 1998). De Toni Negri. Editora: Iluminuras (tel. 0/xx/11/ 3068-9433, www.iluminuras.com.br). Tradução: Renata Cordeiro. Primeira edição brasileira, agregada do ensaio "Valor e Afeto". 96 págs. R$ 20.



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