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Jogo de traições marca a trama
DO ENVIADO AO RIO
Na velho bairro carioca da Lapa, anos 40, Duran é o dono dos
prostíbulos que proliferam pelas
ruas e becos do bairro, os quais
explora com rara hipocrisia, auxiliado pela mulher, Vitória.
Ele vive às turras com o jovem e
sedutor Max Overseas, o manda-chuva do contrabando local -
"trabalha" com bebidas, cigarros,
eletrodomésticos, enquanto se
envolve com as garotas de Duran.
Sua maior façanha, no entanto,
é conquistar o coração de Terezinha, a filha do rival, com quem
acaba se casando às escondidas.
Essa trama dá vazão a um jogo
de traições, mentiras e provocações das mais diversas, em que todos tentam tirar vantagem de todos, aí envolvidos o chefe de polícia, Tigrão, sua filha, Lucia, o homossexual Geni e mais toda sorte
de escroques.
Inspirada na "Ópera dos Mendigos" de John Gay, e com influências da "Ópera dos Três Vinténs", de Brecht, "Ópera do Malandro" foi montada pela primeira vez em 1978, no Rio, sob direção de Luis Antônio Martinez
Corrêa (1950-1987) e, apesar da
censura então vigente, venceu o
prêmio Molière de melhor texto.
No ano seguinte, com inúmeros
cortes e adaptações e um elenco
diverso, mas com o mesmo diretor, foi à cena em São Paulo.
Em 1985, completamente reformulada, tornou-se um filme, tendo Ruy Guerra na direção.
A mais recente montagem do
texto de Chico Buarque ocorreu
também em São Paulo, em 2000,
dirigida por Gabriel Villela, que,
como disse à época, tirou o caráter histórico da trama e deu-lhe
um clima de "bangue-bangue".
Na montagem de 1978, a peça
projetou a então desconhecida
cantora Elba Ramalho. No ano seguinte, em São Paulo, quem alcançou um público maior foi Tânia Alves, no mesmo papel.
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