UOL


São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TEATRO

Violência atual direcionou nova montagem de "Ópera do Malandro", que estréia amanhã no teatro Carlos Gomes

"O malandro clássico se retirou", diz diretor

DO ENVIADO AO RIO

Se na década de 70, quando a peça foi montada pela primeira vez, o malandro clássico era um ser recentemente extinto, hoje ele pertence a passado remoto.
Em vez de estar nas ruas e nos becos controlando o contrabando e o movimento dos bordéis, "os criminosos ordenam assassinatos de dentro de presídios de segurança máxima. São eles que mandam na cidade, pelo menos no Rio de Janeiro", afirma o diretor de texto da peça Charles Möeller.
"Hoje, o proletário chegou ao poder, ainda que vestindo Armani. Por isso, minha peça não fala mais sobre o lúmpen, as prostitutas, mas sim de outro tipo de exercício do poder. O malandro clássico se retirou, e o Max Overseas, o malandro da minha peça, morre em cena com três tiros no peito."
Apesar da notável ausência, Chico Buarque está obviamente presente nos detalhes. Detalhes que são o todo, na verdade: música e texto que traçam um painel social forte, envolvente. Como é lidar com esse universo de maneira a cativar o público durante duas horas e 50 minutos?
Para Möeller, o peso da presença-ausência do autor de "Homenagem ao Malandro", "Geni e o Zepelim", "Pedaço" de Mim", "O Meu Amor", "Terezinha" e "Folhetim" (todas na peça) tem uma vantagem e uma desvantagem.
"A vantagem é que o público vai cantar junto. A desvantagem é que todo mundo sabe um pouco, mas vai ver pela primeira vez texto e músicas num só conjunto."
Como afirma Botelho, 38, "o maior desafio é mesmo convencer o espectador de que aquela Geni, sua velha conhecida de tanto ouvir tocar no rádio "atira bosta na Geni", é parte de um contexto, tem um entorno dramático. A gente está lidando com músicas que ganharam vida depois da primeira montagem, fora do palco."
De qualquer maneira, a ênfase é mesmo no canto. "Não se trata de uma peça com atores que cantam, mas sim com 20 atores que também são cantores", diz Botelho. De fato, dos casais principais, o mais jovem tem Soraya Ravenle (que já viveu Dolores Duran e Carmem Miranda no palco) e Alexandre Schumacher, escolhido numa seleção específica para cantores, e o mais velho traz a cantora Lucinha Lins e o veterano Mauro Mendonça, este exibindo convincentes dotes vocais. Outra atriz, Alessandra Maestrini já está sendo considerada revelação nesta área. (LUIZ CAVERSAN)


"ÓPERA DO MALANDRO" - de: Chico Buarque de Hollanda. Teatro Carlos Gomes (pça. Tiradentes, s/nš, Centro, Rio, tel. 0/xx/21/2232-8701). Qui. e sex. às 19h, sáb. às 21h e dom. às 18h. Estréia amanhã. Ingressos R$ 15 e R$ 7,50.


Texto Anterior: Trechos
Próximo Texto: Jogo de traições marca a trama
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.