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MÚSICA
Primeiro dia do festival em São Paulo recebeu cerca de 1.600 pessoas; evento apresentou problemas de som e acústica
The Kills afina noite jovem do Campari Rock
ADRIANA FERREIRA
BRUNO YUTAKA SAITO
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
O lugar, a Fábrica Lapa, era imponente, com pé-direito alto e um
galpão enorme. Mas a acústica é
inversamente proporcional ao tamanho do local, o que prejudicou
várias das atrações do primeiro
dia do Campari Rock, na última
sexta, em São Paulo.
Mais de 1.600 pessoas compareceram ao festival para assistir aos
shows de bandas internacionais
(como The Kills, Berg Sans Nipple, Apside e os DJs Optimo) e nacionais (Freakplasma, Cansei de
Ser Sexy e Jumbo Elektro). Mesmo com os problemas, os shows,
no geral, foram bons -a dupla
The Kills fez a melhor (e mais
cheia) apresentação da noite.
Ambiente que poderia ser bem
utilizado para uma festa de eletrônica, a Fábrica Lapa não funcionou, pelo menos na sexta-feira,
para shows de rock. O som, alto,
chegava aos ouvidos embolado,
muitas vezes dificultando a distinção entre guitarras e vocais.
O bom público do primeiro dia
do evento era, em sua maioria,
formado por gente jovem, entre
18 e 25 anos. Eram estudantes, fãs
de rock indie. Gente que queria
ver, principalmente, a dupla anglo-americana The Kills.
Para esse público, o principal
problema do evento não foi nem
o som, mas o valor da entrada.
"Eu só vim porque ganhei o ingresso", afirmou a estudante de
desenho industrial Fabricia Bouzon, 20. "Está legal, principalmente porque não gosto de festival
muito cheio, mas achei caro."
O preço cobrado pelas casas de
rock paulistanas -que varia de
R$ 5 a R$ 20- foi o parâmetro
dos espectadores para o valor cobrado pelo Campari (R$ 60, no
primeiro dia, e R$ 70, no segundo). "Estamos acostumados a pagar R$ 15 para entrar, e R$ 30 [valor do ingresso para estudante] fica apertado", disse ela.
Havia também os que não tinham o Campari "planejado no
orçamento", mas discordavam de
que o preço era alto, como os amigos Denise Polli, 27, funcionária
pública, e Alan Monokini, 27, baixista da banda Monokini, que
também ganharam a entrada.
"Não é caro: as bandas são interessantes, tem estacionamento,
cerveja com preço decente [R$ 4],
van para trazer até a entrada. Nesse ponto, achei muito legal", contou Denise. "O que acontece em
festivais como o Tim Festival, em
que vários carros foram assaltados na rua, é um escândalo",
comparou. Se eles iam assistir ao
MC5?: "Adoro, mas esse show
não estava no meu orçamento",
explicou Monokini. "Se rolar um
ingresso, a gente vem."
A escolha das atrações, no entanto, foi aprovada. "Conheço
50% das bandas que vão tocar",
disse Fabricia, que se surpreendeu com o show do trio Freakplasma. "Mesmo não gostando
muito de música eletrônica, aqueles robôs me surpreenderam",
lembrou a estudante, sobre uma
das performances da apresentação do trio de electro-rock, em
que três amigos da banda foram
ao palco fantasiados de robôs.
Outra que elogiou a escalação
foi a DJ Tatiana Ramos, 25. "O festival é bem legal porque dá espaço
para as bandas nacionais." "O
pessoal que vem conhece todas as
bandas, curte mesmo. Mas poderia ter uma banda nacional mais
conhecida", opinou o também DJ
Valentim van der Meer, 31.
O preço, para Tatiana, não era
problema. Ela iria também na
noite de sábado. "Não acho caro
pagar R$ 70 para ver MC5. O
show do Placebo [em abril] custou isso, e o White Stripes [em junho] foi muito mais caro [R$ 120].
O show do Weezer, no Curitiba
Rock Festival [em setembro], custará R$ 120", afirmou ela.
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