São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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FESTIVAL DE GRAMADO

Bressane recebe prêmio como um sinal de "reconciliação"

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO

No palco do 36º Festival de Gramado, o cineasta Julio Bressane tratou como sinal de sua "reconciliação" com um festival que sempre fora "muito azedo" com ele o troféu em homenagem à sua carreira, que recebeu na noite da última quarta.
Na platéia, a atitude indicava que a reconciliação não foi completa. Bressane foi recebido com aplausos comedidos por um público que permaneceu sentado, contrariando sua tradição de ovacionar de pé os homenageados do festival.
No texto que sintetizou a carreira de Bressane, 62, o festival o associou ao cinema marginal, ponto de vista que o cineasta rejeita.
"A questão do cinema marginal é artificial. O Brasil já é uma margem. Cinema marginal só se for para jogar no mar, o que se enquadra com um projeto de extermínio", afirmou, em entrevista antes da premiação.
Ele ressaltou que sempre realizou filmes de baixo orçamento porque foi "expulso do cinema brasileiro", com o qual rompeu "em 1969 de maneira pouco diplomática", o que lhe valeu "uma condenação até hoje".
Afirmando ser necessário "reverter essa situação do naufrágio do espectador", Julio Bressane disse que "aqui, o espectador é mais do que um fetiche, é uma putaria. Todos os filmes são feitos para o público e entregues ao público com um anúncio de "quem dá mais?'".
Depois da homenagem a Bressane, Eryk Rocha, filho de Glauber Rocha e Paula Gaetán, exibiu "Pachamama", registro de viagem que fez à tríplice fronteira. "Sempre se trata de pensar o Brasil", diz, no filme em que propõe "chegar às fronteiras, romper as fronteiras".
Rocha saudou "o mestre Bressane, que é uma inspiração para a gente continuar a filmar no Brasil" e deixou o palco com um "Viva o cinema de invenção!".


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