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FESTIVAL DE GRAMADO
Bressane recebe prêmio como um sinal de "reconciliação"
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO
No palco do 36º Festival de
Gramado, o cineasta Julio
Bressane tratou como sinal
de sua "reconciliação" com
um festival que sempre fora
"muito azedo" com ele o troféu em homenagem à sua
carreira, que recebeu na noite da última quarta.
Na platéia, a atitude indicava que a reconciliação não
foi completa. Bressane foi recebido com aplausos comedidos por um público que
permaneceu sentado, contrariando sua tradição de
ovacionar de pé os homenageados do festival.
No texto que sintetizou a
carreira de Bressane, 62, o
festival o associou ao cinema
marginal, ponto de vista que
o cineasta rejeita.
"A questão do cinema marginal é artificial. O Brasil já é
uma margem. Cinema marginal só se for para jogar no
mar, o que se enquadra com
um projeto de extermínio",
afirmou, em entrevista antes
da premiação.
Ele ressaltou que sempre
realizou filmes de baixo orçamento porque foi "expulso
do cinema brasileiro", com o
qual rompeu "em 1969 de
maneira pouco diplomática",
o que lhe valeu "uma condenação até hoje".
Afirmando ser necessário
"reverter essa situação do
naufrágio do espectador",
Julio Bressane disse que
"aqui, o espectador é mais do
que um fetiche, é uma putaria. Todos os filmes são feitos
para o público e entregues ao
público com um anúncio de
"quem dá mais?'".
Depois da homenagem a
Bressane, Eryk Rocha, filho
de Glauber Rocha e Paula
Gaetán, exibiu "Pachamama", registro de viagem que
fez à tríplice fronteira. "Sempre se trata de pensar o Brasil", diz, no filme em que propõe "chegar às fronteiras,
romper as fronteiras".
Rocha saudou "o mestre
Bressane, que é uma inspiração para a gente continuar a
filmar no Brasil" e deixou o
palco com um "Viva o cinema de invenção!".
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