São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2000

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PRIMAVERA
Restaurantes de São Paulo servem pratos com pétalas comestíveis
Chega a época de comer flores

MARCELLA FRANCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sair para jantar e receber flores é mais fácil do que se pensa. Com a chegada da primavera, dia 22, alguns restaurantes de São Paulo adotam uma tendência que teve início no Oriente Médio e já é comum na Europa: oferecer rosas, calêndulas, amores-perfeitos e nastúrcios aos clientes. Mas não em buquês, e sim no prato.
Apesar de o Brasil ainda não produzir todas as variedades de flores comestíveis encontradas no exterior, os chefs modernos já acrescentaram a seus cardápios pétalas de diversas espécies.
Compor saladas, fazer doces, aromatizar vinagres ou apenas decorar receitas são práticas comuns em cozinhas de restaurantes em todo o país e têm recebido cada vez mais adeptos.
"As pessoas geralmente pedem o prato por curiosidade", diz Antônio Graça, 27, chef do Villa Florida, no Itaim. "Os clientes vêem que é um prato bonito, acabam comendo com os olhos."
No entanto, é bom lembrar que nem todas as flores são comestíveis. Para serem aprovadas para consumo, elas têm de ser cultivadas com tal finalidade, além de receber um tratamento diferenciado durante todo o processo de criação, incluindo a não-adição de agrotóxicos.
Os sabores variam de uma espécie para a outra, passando do gosto picante e fresco do nastúrcio, que lembra as folhas de agrião, até a refrescância com ar frutado do amor-perfeito.
Por ser mais resistente, poder ser recheada, entrar na composição de risotos e saladas e ainda ser transformada até em tempurá, a flor de abobrinha é uma das mais apreciadas e frequentes nos cardápios paulistas. Seu sabor é mais encorpado, e sua textura, mais crocante.
"As flores são sensíveis, e não podem passar por extremos de temperatura, como receitas que vão ao forno ou que apresentam componentes muito gelados", explica o chef Rodrigo Martins, 23, que assina o cardápio do Sam & Brothers e comanda uma equipe no Brooklin.
Sobre a sopa de gengibre e cogumelos decorada com rosas comestíveis que Martins pretende preparar, ele diz: "A intenção é mesmo que as pétalas se desmanchem, por isso aproveitamos a alta temperatura da sopa e, antes de servi-la, acrescentamos as rosas, que acabam colorindo o prato porque soltam sua coloração".
Manuel Coelho, 32, proprietário dos restaurantes Bellalluna e Gioco di Mani, recém-inaugurado no Morumbi, lança agora na primavera uma sobremesa com pétalas. "É um elemento de beleza, que tira o monótono dos cardápios convencionais", afirma.


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