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PRIMAVERA
Restaurantes de São Paulo servem pratos com pétalas comestíveis
Chega a época de comer flores
MARCELLA FRANCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Sair para jantar e receber flores
é mais fácil do que se pensa. Com
a chegada da primavera, dia 22,
alguns restaurantes de São Paulo
adotam uma tendência que teve
início no Oriente Médio e já é comum na Europa: oferecer rosas,
calêndulas, amores-perfeitos e
nastúrcios aos clientes. Mas não
em buquês, e sim no prato.
Apesar de o Brasil ainda não
produzir todas as variedades de
flores comestíveis encontradas no
exterior, os chefs modernos já
acrescentaram a seus cardápios
pétalas de diversas espécies.
Compor saladas, fazer doces,
aromatizar vinagres ou apenas
decorar receitas são práticas comuns em cozinhas de restaurantes em todo o país e têm recebido
cada vez mais adeptos.
"As pessoas geralmente pedem
o prato por curiosidade", diz Antônio Graça, 27, chef do Villa Florida, no Itaim. "Os clientes vêem
que é um prato bonito, acabam
comendo com os olhos."
No entanto, é bom lembrar que
nem todas as flores são comestíveis. Para serem aprovadas para
consumo, elas têm de ser cultivadas com tal finalidade, além de receber um tratamento diferenciado durante todo o processo de
criação, incluindo a não-adição
de agrotóxicos.
Os sabores variam de uma espécie para a outra, passando do gosto picante e fresco do nastúrcio,
que lembra as folhas de agrião, até
a refrescância com ar frutado do
amor-perfeito.
Por ser mais resistente, poder
ser recheada, entrar na composição de risotos e saladas e ainda ser
transformada até em tempurá, a
flor de abobrinha é uma das mais
apreciadas e frequentes nos cardápios paulistas. Seu sabor é mais
encorpado, e sua textura, mais
crocante.
"As flores são sensíveis, e não
podem passar por extremos de
temperatura, como receitas que
vão ao forno ou que apresentam
componentes muito gelados", explica o chef Rodrigo Martins, 23,
que assina o cardápio do Sam &
Brothers e comanda uma equipe
no Brooklin.
Sobre a sopa de gengibre e cogumelos decorada com rosas comestíveis que Martins pretende
preparar, ele diz: "A intenção é
mesmo que as pétalas se desmanchem, por isso aproveitamos a alta temperatura da sopa e, antes de
servi-la, acrescentamos as rosas,
que acabam colorindo o prato
porque soltam sua coloração".
Manuel Coelho, 32, proprietário
dos restaurantes Bellalluna e Gioco di Mani, recém-inaugurado no
Morumbi, lança agora na primavera uma sobremesa com pétalas.
"É um elemento de beleza, que tira o monótono dos cardápios
convencionais", afirma.
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