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ERUDITO
Festival de Budapeste apresenta em São Paulo programa que mescla peças famosas e nomes menos interpretados
Orquestra húngara aposta na variedade
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Orquestra do Festival de Budapeste existe há apenas duas décadas, numa Hungria com outras
formações sinfônicas de tradição
centenária. Mesmo assim, tornou-se uma das referências de
qualidade européia por suas récitas e gravações.
Um dos segredos do desempenho está no maestro Iván Fischer,
52, um dos mais competentes artistas de sua geração. Fischer e
seus músicos fazem hoje o primeiro de três concertos programados em São Paulo.
Leia os principais trechos da entrevista do maestro:
Folha - O sr. traz com sua orquestra uma mistura de peças conhecidas com outras bem menos interpretadas. Qual a razão?
Iván Fischer -Por ser a primeira
vez que nos apresentamos no Brasil, escolhi um programa com
uma variedade de formas de interpretação que permita ao público notar as muitas sonoridades
que produzimos. Schubert e Beethoven são bem conhecidos, ao
contrário de Milhaud e Dohnányi, que interpretaremos.
Folha - Poderia discorrer mais sobre esses últimos?
Fischer - Eu diria que Milhaud,
por exemplo, exige qualidades solísticas de cada músico. É algo diferenciado e que faz parte do perfil da orquestra desde sua formação. Há orquestras com uma
grande qualidade coletiva. Em
nosso caso, creio que há também
a grande qualidade individual.
Folha - Foi o fato de ter trabalhado com o barroco em Viena, com
instrumentos originais e afinação
de época, que acabou lhe dando essa visão mais individualizada do
músico?
Fischer - É verdade que nesse repertório é fundamental a qualidade individual. Foi o mesmo critério que adotei há 20 anos quando
da criação de nossa orquestra. Eu
já acreditava que uma boa orquestra deve ser constituída por
verdadeiros artistas.
Folha - Nos primeiros anos da orquestra, a Hungria ainda era um
país socialista. Mas vocês já faziam
frequentes turnês ao Ocidente.
Não havia também para os músicos
essa motivação material?
Fischer - A Hungria foi um país
muito aberto para os padrões da
Europa Oriental. Não existiam as
limitações para turnês ao Ocidente que irritavam, por exemplo, os
músicos da então União Soviética. Não creio então que as turnês
tenham sido uma motivação particular para nossos músicos.
ORQUESTRA DO FESTIVAL DE
BUDAPESTE. Com Iván Fischer
(regência). Quando: hoje, amanhã e
quinta, às 21h. Onde: teatro Cultura
Artística (r. Nestor Pestana, 196, região
central, SP, tel. 0/xx/11/3258-3344).
Quanto: de R$ 120 a R$ 280, ou R$ 30
para estudantes, meia hora antes de
cada récita. Patrocinadores: Bovespa,
Telefônica, Votorantim e Companhia
Brasileira de Liquidação e Custódia.
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