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São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

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ERUDITO

Festival de Budapeste apresenta em São Paulo programa que mescla peças famosas e nomes menos interpretados

Orquestra húngara aposta na variedade

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Orquestra do Festival de Budapeste existe há apenas duas décadas, numa Hungria com outras formações sinfônicas de tradição centenária. Mesmo assim, tornou-se uma das referências de qualidade européia por suas récitas e gravações.
Um dos segredos do desempenho está no maestro Iván Fischer, 52, um dos mais competentes artistas de sua geração. Fischer e seus músicos fazem hoje o primeiro de três concertos programados em São Paulo.
Leia os principais trechos da entrevista do maestro:
 
Folha - O sr. traz com sua orquestra uma mistura de peças conhecidas com outras bem menos interpretadas. Qual a razão?
Iván Fischer -
Por ser a primeira vez que nos apresentamos no Brasil, escolhi um programa com uma variedade de formas de interpretação que permita ao público notar as muitas sonoridades que produzimos. Schubert e Beethoven são bem conhecidos, ao contrário de Milhaud e Dohnányi, que interpretaremos.

Folha - Poderia discorrer mais sobre esses últimos?
Fischer -
Eu diria que Milhaud, por exemplo, exige qualidades solísticas de cada músico. É algo diferenciado e que faz parte do perfil da orquestra desde sua formação. Há orquestras com uma grande qualidade coletiva. Em nosso caso, creio que há também a grande qualidade individual.

Folha - Foi o fato de ter trabalhado com o barroco em Viena, com instrumentos originais e afinação de época, que acabou lhe dando essa visão mais individualizada do músico?
Fischer -
É verdade que nesse repertório é fundamental a qualidade individual. Foi o mesmo critério que adotei há 20 anos quando da criação de nossa orquestra. Eu já acreditava que uma boa orquestra deve ser constituída por verdadeiros artistas.

Folha - Nos primeiros anos da orquestra, a Hungria ainda era um país socialista. Mas vocês já faziam frequentes turnês ao Ocidente. Não havia também para os músicos essa motivação material?
Fischer -
A Hungria foi um país muito aberto para os padrões da Europa Oriental. Não existiam as limitações para turnês ao Ocidente que irritavam, por exemplo, os músicos da então União Soviética. Não creio então que as turnês tenham sido uma motivação particular para nossos músicos.


ORQUESTRA DO FESTIVAL DE BUDAPESTE. Com Iván Fischer (regência). Quando: hoje, amanhã e quinta, às 21h. Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, região central, SP, tel. 0/xx/11/3258-3344). Quanto: de R$ 120 a R$ 280, ou R$ 30 para estudantes, meia hora antes de cada récita. Patrocinadores: Bovespa, Telefônica, Votorantim e Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia.


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