São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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Crítica

Diretores mostram cinema memorável

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Quase no mesmo horário há um filme de cinema e um sobre cinema, ambos memoráveis. O primeiro deve-se a Júlio Bressane: "Matou a Família e Foi ao Cinema" passa no Canal Brasil, à 0h30. O segundo é assinado por Vincente Minnelli: "Assim Estava Escrito", no TCM, à 1h25.
Não sei se têm outra relação entre si além de, cada um à sua maneira, serem filmes bastante questionadores. O de Bressane, desde o título, enuncia seu propósito de refletir sobre aspectos da cultura brasileira. Um deles, as manchetes de jornais. Outro, a tendência a matar o pai, a autoridade em geral, a tudo questionar, própria do final dos anos 60, quando o filme foi realizado. Outro, essa alternância de brutalidade e delicadeza que o filme trabalha em boa medida pelo uso da música (MPB clássica) em contraponto às imagens. Bressane começava uma obra em que a reflexão sobre a nossa cultura ocupa espaço privilegiado.
Já Vincente Minnelli realiza um filme sobre cinema, um dos melhores já feitos, a partir da ascensão (e posterior queda) de um produtor cinematográfico. Fala-se do cinema como arte impura sem pensar muito nas pessoas que o praticam.
É, de certa forma, de tudo o que é dura realidade na criação desse sonho coletivo que é o cinema de que trata o filme. O que não impede Minnelli de dar aula de direção, na cena em que diretor e produtor entram em conflito, depois da qual o produtor assume o filme.

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