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Crítica
Diretores mostram cinema memorável
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quase no mesmo horário há
um filme de cinema e um sobre
cinema, ambos memoráveis. O
primeiro deve-se a Júlio Bressane: "Matou a Família e Foi
ao Cinema" passa no Canal
Brasil, à 0h30. O segundo é assinado por Vincente Minnelli:
"Assim Estava Escrito", no
TCM, à 1h25.
Não sei se têm outra relação
entre si além de, cada um à sua
maneira, serem filmes bastante questionadores. O de Bressane, desde o título, enuncia seu
propósito de refletir sobre aspectos da cultura brasileira.
Um deles, as manchetes de jornais. Outro, a tendência a matar o pai, a autoridade em geral,
a tudo questionar, própria do
final dos anos 60, quando o filme foi realizado. Outro, essa alternância de brutalidade e delicadeza que o filme trabalha em
boa medida pelo uso da música
(MPB clássica) em contraponto às imagens. Bressane começava uma obra em que a reflexão sobre a nossa cultura ocupa espaço privilegiado.
Já Vincente Minnelli realiza
um filme sobre cinema, um dos
melhores já feitos, a partir da
ascensão (e posterior queda)
de um produtor cinematográfico. Fala-se do cinema como arte impura sem pensar muito
nas pessoas que o praticam.
É, de certa forma, de tudo o
que é dura realidade na criação
desse sonho coletivo que é o cinema de que trata o filme. O
que não impede Minnelli de
dar aula de direção, na cena em
que diretor e produtor entram
em conflito, depois da qual o
produtor assume o filme.
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