São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997.




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E A RESSURREIÇÃO

"Meu caro Mário de Andrade,
Muito há você de espantar-se com esta, vinda dalém túmulo, dum morto que você matou há três anos atrás. Mas há de tudo na vida, até mortos que escrevem cartas aos matadores.
O que me traz é um livro seu -'Macunaíma'. Tenho cá um editor que deseja conhecê-lo, com palpite que é coisa editável em inglês. Se você está por isso, mande-me um exemplar e, se achar que um morto pode representar um vivíssimo, mande também autorização para eu tratar com o homem.
É incrível como dá voltas o mundo! Vou eu ajudar o Mário a publicar-se neste país e ajudar na tradução. Vou sair da cova só para isso. Depois recolherei de novo, porque não existir é a delícia das delícias, meu caro Mário.
Hurry up. Manda logo dois exemplares e depressa.
Do seu matado
M. Lobato"

Carta inédita que Monteiro Lobato enviou de Nova York para Mário de Andrade em 6 de agosto de 1930


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