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Cantor uniu morro e zona sul
ALESSANDRA KORMANN
do Banco de Dados
Zé Keti, um dos maiores sambistas da velha-guarda, representou um dos principais elos entre
os compositores do morro e os intelectuais da zona sul carioca.
O marco dessa conexão foi o
show "Opinião", de 1964, idealizado por Oduvaldo Vianna Filho,
engajado na resistência ao regime
militar. Keti fazia um malandro
de morro, contracenando com
João do Vale e Nara Leão, depois
substituída por Maria Bethânia.
José Flores de Jesus nasceu no
Rio de Janeiro, em Inhaúma (zona norte), em 6 de outubro de
1921. Como era muito quieto na
infância, ganhou o apelido de Zé
Quieto, ou Zé Quietinho, que
mais tarde se tornaria Zé Keti.
Seu primeiro contato com a
música dos morros foi na escola
de samba Mangueira. Mas foi aos
16 anos que conheceu a Portela,
aquela que seria sua escola de coração.
Entre 1940 e 1943, época em que
compôs sua primeira marcha carnavalesca, Keti serviu como soldado na Polícia Militar. Sua primeira composição gravada foi
"Tio Sam no Samba", em 1946,
pelos Vocalistas Tropicais.
Um dos seus maiores sucessos,
"A Voz do Morro", foi gravado
em 1955 por Jorge Goulart e incluído na trilha de "Rio, 40
Graus", de Nelson Pereira dos
Santos.
Começou a participar das atividades musicais do restaurante Zicartola como apresentador dos
velhos compositores, como Cartola e Nelson Cavaquinho. Também foi o responsável pela apresentação de Elton Medeiros e
Paulo César, um novo compositor até então desconhecido que
apelidou de Paulinho da Viola.
Em 1957, sua vida e obra serviram de base para "Rio Zona Norte", de Nelson Pereira dos Santos.
Recebeu o Prêmio Shell de Música Popular Brasileira em 1998
pelo conjunto da obra. Entre os
sambistas, ficou famosa a história
de uma prótese que teria implantado para manter a virilidade.
Antes de morrer, Keti vivia com
problemas de saúde. Sobrevivia
com o dinheiro da aposentadoria
e repasses de direitos autorais (de
R$ 1.200 a R$ 2.000, segundo um
de seus seis filhos).
"Não fui bem pago, mas pelo
menos deu para fazer alguma coisa em relação à música popular
brasileira. O Brasil me deu muita
coisa. Inspiração, assuntos bonitos, mulheres bonitas."
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