|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELÂMPAGOS
O etrusco
JOÃO GILBERTO NOLL
Ela não gostaria se me
aproximasse. Não acreditaria
na virtude de um estranho.
Eu, um desconhecido para
todos naquela praia suja sem
verão nem nada. (Tantos à espera dos barcos...) Cidadão
que precisara fugir vestindo o
figurino do espetáculo, agigantado para os moldes daquela população, eu era constantemente olhado por um
cara de farda. Às vezes parecia guarda; outras, um colegial treinando suas suspeitas.
Calculava a dimensão do meu
disfarce? Me levava por uma
coleira invisível até que me fizesse desistir do que em mim
na certa se gestava? Voltei-me
para a mulher que talvez não
apreciasse o meu contato.
Adormecera na areia. Serpenteava em instantes, deixando rastros de espasmos.
Ou de uma dança, onde perdi
as forças.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Música erudita: Penderecki, frustrante e interessante Índice
|