São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2001

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RELÂMPAGOS

O etrusco

JOÃO GILBERTO NOLL

Ela não gostaria se me aproximasse. Não acreditaria na virtude de um estranho. Eu, um desconhecido para todos naquela praia suja sem verão nem nada. (Tantos à espera dos barcos...) Cidadão que precisara fugir vestindo o figurino do espetáculo, agigantado para os moldes daquela população, eu era constantemente olhado por um cara de farda. Às vezes parecia guarda; outras, um colegial treinando suas suspeitas. Calculava a dimensão do meu disfarce? Me levava por uma coleira invisível até que me fizesse desistir do que em mim na certa se gestava? Voltei-me para a mulher que talvez não apreciasse o meu contato. Adormecera na areia. Serpenteava em instantes, deixando rastros de espasmos. Ou de uma dança, onde perdi as forças.


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