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PERFIL
Colin Scott é "master blender" da Chivas Regal e só viaja a cada quatro anos
Escocês vive "cheirando uísque"
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece provocação, mas não deve ser fácil a vida de um "master
blender", sujeito responsável pela
degustação e desenvolvimento de
novos uísques.
Tome como exemplo o escocês
Colin Scott, 51, o "master blender" da Chivas que esteve no Brasil na semana passada. Scott trouxe três caixas de sua cobiçada "invenção", o Chivas Regal 18. Mas
quase não tomou uma gota.
"O "master blender" vive de
cheirar uísque", explica o escocês.
"Se mandasse para dentro todos
os uísques e maltes que eu provo,
já estaria morto", brinca.
Scott, figura reverenciada entre
os apreciadores de uísque, deu algumas palestras, promoveu degustações e distribuiu autógrafos
no Brasil. Sua passagem por aqui
foi celebrada, como tem sido nos
países por onde passou nos últimos meses. É que, para um "master blender" como ele, só é permitido sair da Escócia de quatro em
quatro anos e somente para locais
rigorosamente selecionados.
"Viajar falando sobre minha
paixão é até... revigorante", diz.
Para quem conhece um pouco sobre a bebida, um bate-papo com
um "master blender" do nível de
Scott equivale a uma aula.
"Para chegar a um blend interessante, posso cheirar e provar
uns 500 tipos diferentes de malte", conta.
O método de desenvolvimento
de um novo blended, uísque feito
a partir da mistura de diferentes
maltes, é o mesmo há décadas.
Com uma seringa grande, o
"master blender" retira uma
amostra de cada barril de uísque e
coloca num copo. Depois, cheira
cada um e verifica se está de acordo com a formulação ideal para
compor o blended.
Uma vez misturado, o blended é
submetido à análise de, no mínimo, cem pessoas. Somente com a
aprovação da maioria delas o produto é colocado no mercado.
"Não dá para brincar quando se
trata de uísque", diz Scott. Os
itens que são levados em conta na
bebida? "O trivial: aroma, sabor,
cor, presença..."
Vida dura
Segundo ele, para um "master
blender" o olfato tem de ser preservado acima de tudo. Por isso,
ele não fuma e não usa perfumes
nem produtos que contenham alguma fragrância. "É um cuidado
que tenho de ter o tempo todo.
Mas o resultado me deixa satisfeito, acabo não ligando", afirma.
O Chivas Regal envelhecido 18
anos, criado por Scott em 97, virou sua marca registrada. Em cada garrafa da bebida, conta Scott,
pode haver até 50 diferentes tipos
de maltes. Alguns deles, envelhecidos por mais de 60 anos.
"O segredo é ir mudando o
blend [mistura de maltes" para
não deixar o paladar viciado", explica o mestre, que trabalha na
Chivas desde 1973, mas tornou-se
"master blender" apenas em 1989.
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