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CINEMA/CRÍTICA
"Irmão Urso" usa relação entre homens e animais para passar mensagens de fraternidade e diversidade
Animação explora lenda nativa sem distorção
MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA
As maiores qualidades gráficas do desenho animado "Irmão Urso", em cartaz em São
Paulo desde a última sexta-feira,
são a capacidade de mimetizar os
animais, especialmente os ursos, e
também a de reproduzir cenários
impactantes de geleiras, desertos
e vulcões.
O filme, do estúdio Disney da
Flórida, apresenta uma versão de
lendas de povos nativos norte-americanos que trata da relação
de parentesco entre homens e
animais, fenômeno comum em
várias culturas.
Na trama, os irmãos adolescentes Kenai e Denahi vivem brigando e são orientados pelo irmão
mais velho, Sitka. O caçula, Kenai,
não vê a hora de receber das mãos
da xamã de seu povo o amuleto
que o tornará adulto. O objeto
não corresponde a sua expectativa, e ele despreza o talismã de urso -símbolo do amor- recebido.
Coincidentemente, um urso
aproxima-se de sua aldeia e leva
embora o cesto de peixes do irmão mais velho. Irado, Kenai vai
resgatá-lo e, ao enfrentar o gigantesco mamífero junto com os irmãos, acaba por matá-lo, depois
que o urso tira a vida de Sitka.
Como lição, o espírito do primogênito transforma Kenai em
urso. O moço-urso passa a viver,
então, uma nova vida, ao lado de
Koda, um filhote de urso perdido,
que deseja comparecer ao encontro anual dos ursos. O enredo remete ao tempo de um universo
em que os homens se transformavam em animais e vice-versa, e a
natureza se manifestava nos espíritos ancestrais da floresta.
Existe no filme um intercâmbio
de experiências entre homens e
ursos que serve à moral fabular e
transmite mensagens de fraternidade e diversidade. Na primeira
parte de "Irmão Urso", a saga é
contada por um velho, que rememora os fatos em "flashback".
Na segunda parte, os olhos tristes do urso protagonista (Kenai)
conduz o espectador pela caminhada até a Corrida do Salmão,
local do encontro dos ursos e a
morada dos espíritos. Será que
devolverão a condição humana
ao bicho?
A Walt Disney Pictures está de
parabéns porque privilegiou um
mito autóctone e não o distorceu
traduzindo-o em final feliz, como
fez com o conto "A Pequena Sereia", de Hans Christian Andersen (1805-1875).
Resta dizer que a trilha sonora
(Phil Collins e Mark Mancina) e
as vozes são competentes e que o
longa conta com excelentes atores
nacionais na dublagem -Selton
Mello, Marco Nanini e Luiz Fernando Guimarães, entre outros.
Irmão Urso
Brother Bear
Direção: Aaron Blaise e Robert Walker
Produção: EUA, 2003
Onde: em cartaz nos cines Jardim Sul,
Metrô Santa Cruz, Morumbi e circuito
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