|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SHOW
Soulfly
divulgação
|
O Soulfly, nova banda de Max Cavalera (à frente na foto), que faz seu primeiro show no Brasil hoje, em São Paulo
|
Max Cavalera, ex-Sepultura, fala à Folha sobre sua nova banda, que faz hoje sua primeira apresentação
no Brasil
|
IVAN MIZIARA
especial para a Folha
O Soulfly, nova banda de Max
Cavalera, ex-vocalista e guitarrista
do Sepultura, faz hoje, no ginásio
da Portuguesa, em São Paulo, seu
primeiro show no Brasil, como
parte da turnê de divulgação do
disco lançado pelo grupo no começo do ano.
Esta é a oportunidade de os fãs
brasileiros conferirem a performance de Max com seus novos
parceiros: Marcello D. Rapp no
baixo, Logan Mader (ex-Machine
Head) na guitarra e Roy "Ratta"
Mayorga (ex-Shelter) na bateria.
O vocalista chega ao Brasil coberto de elogios da crítica especializada em heavy metal. Além do sucesso dos shows do Soulfly no Ozzfest
(festival de heavy metal organizado nos EUA por Ozzy Osborne), o
grupo recebeu o prêmio de revelação do ano concedido pela revista
inglesa "Kerrang!".
Por outro lado, Max tem despertado polêmica entre os headbangers radicais, que o acusam de misturar, em sua música, sons (como
os de berimbau e zabumba) que
não têm nada a ver com metal.
Na semana passada, Max Cavalera falou à Folha, por telefone, de
Phoenix, Arizona.
Entre outras coisas, disse que esse tipo de reação mostra como "os
metaleiros mais radicais não passam de conservadores", por não
admitirem qualquer forma de evolução no gênero.
Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista.
Folha - Quais as suas expectativas para o primeiro show do
Soulfly no Brasil?
Max Cavalera - É a maior possível. A formação nova do grupo,
com Logan Mader na guitarra, já
foi aprovada na turnê do Ozzfest.
Nós estamos em ponto de bala,
prontos para arrebentar, mas também um pouco ansiosos. É como
se fôssemos estrear novamente.
Folha - Foi difícil a adaptação
com Logan Mader, já que ele vem
de uma banda mais rígida, sem
tanta liberdade musical como o
Soulfly?
Cavalera - Não, ele se enturmou
rapidamente. Agora está mais solto no palco, é um verdadeiro membro do grupo.
Folha - Como será o show? Que
repertório que vocês vão tocar?
Cavalera - O show tem cerca de
90 minutos de duração e a gente
vai tocar basicamente músicas do
nosso disco, "Soufly", outras coisas do Nailbomb (duo que Max
formou com seu "genro", Alex
Newport, em 95) e alguns hits do
Sepultura.
Folha - Quais?
Cavalera - Pelo menos umas quatro ou cinco músicas antigas, como
"Inner Self" e "Beneath the Remains".
Folha - Por que essas?
Cavalera - Porque são aquelas
que a galera sempre pede. "Inner
Self" também possui um significado muito especial para mim. Ela
foi feita nos tempos de dureza,
quando viemos de Belo Horizonte
para São Paulo e fomos morar na
"boca do lixo", em Santa Cecília.
Naquela época, ainda estávamos
lutando por reconhecimento. A letra da música fala um pouco disso.
Folha - Alguma surpresa extra?
Cavalera - Estamos com várias
idéias. Uma delas é encerrar o
show fazendo uma "jam" com o
Lúcio Maia (guitarrista pernambucano que tocou no lugar de Mader no disco, sob o pseudônimo de
Jackson Bandeira) e o pessoal da
Nação Zumbi.
Folha - Já que falamos em hits do
Sepultura, como anda seu relacionamento com o grupo?
Cavalera - Eu não tenho contato
com eles e nossa relação não é das
melhores. Minha preocupação
atual é o trabalho com o Soulfly.
Folha - O que você achou do novo vocalista, Derrick Green, que o
substituiu na banda?
Cavalera - Eu não ouvi o disco do
Sepultura ainda, por isso não posso dizer nada a respeito.
Folha - Uma parcela dos fãs do
Sepultura torce o nariz para a "mistureba sonora" que o Soulfly faz,
uma tendência revelada em
"Roots", o último disco que você
fez com a banda. Você tem alguma
explicação para isso?
Cavalera - O metaleiro radical é
contraditório. Sob o pretexto de
ser agressivo, acaba sendo apenas
conservador. "Roots" é um disco
incendiário, que procura não repetir o que já foi feito. Acho que isso é
ser revolucionário. Eu busco manter o espírito de rebeldia do punk,
do rock.
Folha - O Soulfly mantém esse espírito?
Cavalera - Acho que sim. Inclusive, uma das coisas que eu mais sentia falta nos últimos tempos com o
Sepultura era de maior proximidade com o público, estávamos ficando intocáveis. No nosso show, eu
quero que a molecada saia da platéia e suba no palco.
Folha - Quais os planos para o
ano que vem? Há previsão de um
novo disco?
Cavalera - Agora, nesse réveillon,
vamos inaugurar o novo estádio de
Phoenix, no Arizona, com capacidade para 60 mil pessoas, tocando
junto com Black Sabbath e Deftones. Eu também espero que a gente
lance um álbum novo no final de
99. Esse é um número legal e eu
acho que não deveríamos deixar o
final do século passar em branco.
Folha - Vocês estão acostumados
a shows em grandes estádios. A
acústica do ginásio da Portuguesa
pode atrapalhar?
Cavalera - Impossível saber. Mas
nós vamos tocar tão alto que ninguém vai notar se a acústica estiver
ruim.
Show: Soulfly
Quando: hoje, às 22h
Onde: ginásio da Portuguesa (r.
Comendador Nestor Pereira, 33, tel. 011/
3115-4527)
Quanto: R$ 25
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|