São Paulo, terça, 15 de dezembro de 1998

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SHOW
Soulfly

divulgação
O Soulfly, nova banda de Max Cavalera (à frente na foto), que faz seu primeiro show no Brasil hoje, em São Paulo



Max Cavalera, ex-Sepultura, fala à Folha sobre sua nova banda, que faz hoje sua primeira apresentação no Brasil


IVAN MIZIARA
especial para a Folha

O Soulfly, nova banda de Max Cavalera, ex-vocalista e guitarrista do Sepultura, faz hoje, no ginásio da Portuguesa, em São Paulo, seu primeiro show no Brasil, como parte da turnê de divulgação do disco lançado pelo grupo no começo do ano.
Esta é a oportunidade de os fãs brasileiros conferirem a performance de Max com seus novos parceiros: Marcello D. Rapp no baixo, Logan Mader (ex-Machine Head) na guitarra e Roy "Ratta" Mayorga (ex-Shelter) na bateria.
O vocalista chega ao Brasil coberto de elogios da crítica especializada em heavy metal. Além do sucesso dos shows do Soulfly no Ozzfest (festival de heavy metal organizado nos EUA por Ozzy Osborne), o grupo recebeu o prêmio de revelação do ano concedido pela revista inglesa "Kerrang!".
Por outro lado, Max tem despertado polêmica entre os headbangers radicais, que o acusam de misturar, em sua música, sons (como os de berimbau e zabumba) que não têm nada a ver com metal.
Na semana passada, Max Cavalera falou à Folha, por telefone, de Phoenix, Arizona.
Entre outras coisas, disse que esse tipo de reação mostra como "os metaleiros mais radicais não passam de conservadores", por não admitirem qualquer forma de evolução no gênero.
Leia a seguir os principais trechos de sua entrevista.

Folha - Quais as suas expectativas para o primeiro show do Soulfly no Brasil?
Max Cavalera -
É a maior possível. A formação nova do grupo, com Logan Mader na guitarra, já foi aprovada na turnê do Ozzfest. Nós estamos em ponto de bala, prontos para arrebentar, mas também um pouco ansiosos. É como se fôssemos estrear novamente.
Folha - Foi difícil a adaptação com Logan Mader, já que ele vem de uma banda mais rígida, sem tanta liberdade musical como o Soulfly?
Cavalera -
Não, ele se enturmou rapidamente. Agora está mais solto no palco, é um verdadeiro membro do grupo.
Folha - Como será o show? Que repertório que vocês vão tocar?
Cavalera -
O show tem cerca de 90 minutos de duração e a gente vai tocar basicamente músicas do nosso disco, "Soufly", outras coisas do Nailbomb (duo que Max formou com seu "genro", Alex Newport, em 95) e alguns hits do Sepultura.
Folha - Quais?
Cavalera -
Pelo menos umas quatro ou cinco músicas antigas, como "Inner Self" e "Beneath the Remains".
Folha - Por que essas?
Cavalera -
Porque são aquelas que a galera sempre pede. "Inner Self" também possui um significado muito especial para mim. Ela foi feita nos tempos de dureza, quando viemos de Belo Horizonte para São Paulo e fomos morar na "boca do lixo", em Santa Cecília. Naquela época, ainda estávamos lutando por reconhecimento. A letra da música fala um pouco disso.
Folha - Alguma surpresa extra?
Cavalera -
Estamos com várias idéias. Uma delas é encerrar o show fazendo uma "jam" com o Lúcio Maia (guitarrista pernambucano que tocou no lugar de Mader no disco, sob o pseudônimo de Jackson Bandeira) e o pessoal da Nação Zumbi.
Folha - Já que falamos em hits do Sepultura, como anda seu relacionamento com o grupo?
Cavalera -
Eu não tenho contato com eles e nossa relação não é das melhores. Minha preocupação atual é o trabalho com o Soulfly.
Folha - O que você achou do novo vocalista, Derrick Green, que o substituiu na banda?
Cavalera -
Eu não ouvi o disco do Sepultura ainda, por isso não posso dizer nada a respeito.
Folha - Uma parcela dos fãs do Sepultura torce o nariz para a "mistureba sonora" que o Soulfly faz, uma tendência revelada em "Roots", o último disco que você fez com a banda. Você tem alguma explicação para isso?
Cavalera -
O metaleiro radical é contraditório. Sob o pretexto de ser agressivo, acaba sendo apenas conservador. "Roots" é um disco incendiário, que procura não repetir o que já foi feito. Acho que isso é ser revolucionário. Eu busco manter o espírito de rebeldia do punk, do rock.
Folha - O Soulfly mantém esse espírito?
Cavalera -
Acho que sim. Inclusive, uma das coisas que eu mais sentia falta nos últimos tempos com o Sepultura era de maior proximidade com o público, estávamos ficando intocáveis. No nosso show, eu quero que a molecada saia da platéia e suba no palco.
Folha - Quais os planos para o ano que vem? Há previsão de um novo disco?
Cavalera -
Agora, nesse réveillon, vamos inaugurar o novo estádio de Phoenix, no Arizona, com capacidade para 60 mil pessoas, tocando junto com Black Sabbath e Deftones. Eu também espero que a gente lance um álbum novo no final de 99. Esse é um número legal e eu acho que não deveríamos deixar o final do século passar em branco.
Folha - Vocês estão acostumados a shows em grandes estádios. A acústica do ginásio da Portuguesa pode atrapalhar?
Cavalera -
Impossível saber. Mas nós vamos tocar tão alto que ninguém vai notar se a acústica estiver ruim.



Show: Soulfly Quando: hoje, às 22h Onde: ginásio da Portuguesa (r. Comendador Nestor Pereira, 33, tel. 011/ 3115-4527) Quanto: R$ 25




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