São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2002

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CDs lembram 20 anos sem artista

DA REPORTAGEM LOCAL

Em memória aos 20 anos sem Elis, a Universal deve lançar, até o fim do mês, "Elis, Vinte Anos de Saudades". No CD duplo com 28 canções, uma reunião de alguns compactos simples lançados em vida. Entre as pérolas, duas músicas cantadas com Pelé (sim, o próprio), da "Tabelinha Elis x Pelé": "Perdão, Não Tem" e "Vexamão", que na época rendeu uma série de críticas contra a cantora.
"Eu adoro o Pelé. Quando um amigo como ele me pede para fazer o favor de gravar suas músicas, eu não sei recusar", declarou.
O relançamento do relançamento ficou por conta da Warner. Julho de 79, 13º Montreux Jazz Festival. Na tradicional noite brasileira do evento na Suíça, Elis suando frio. Pálida, achavam que ela desmaiaria em pleno palco. Odiando-se ao cantar, pediu que não lançassem aquele show em disco -apesar da boa interpretação de "Garota de Ipanema" durante o famoso "duelo" com Hermeto Pascoal ao piano.
Se Elis não estava em seus melhores momentos, o material valia como registro histórico, que a gravadora lançou no ano de sua morte. Esse mesmo CD voltou à baila, agora com sete faixas extras que não entraram naquela primeira seleção. Junto, dessa vez, também a chance de ouvir Elis cantando Djavan, numa gravação "filha única de mãe solteira" de "Samba Dobrado".
Para a televisão -e quiçá para cinema-, além da série, em processo de negociação entre TV Globo e Trama Filmes, o que há de certo é um documentário feito pela produtora WeDo. Curiosidades sobre Elis Regina e sua carreira estarão em relatos de amigos e músicos que a acompanharam, a serem exibidos no dia 22 de fevereiro na TV Senac.

Trajetória
A série de homenagens feitas a Elis não vem do acaso ou na esteira de algum modismo. Trata-se de história e da necessidade de perceber a importância do legado de Elis Regina. Sim, porque não é sempre que se ouve falar de uma menina estrábica de 19 anos, que vem de Porto Alegre para a cidade grande, às vésperas do movimento militar de 64, dizendo que ia ser cantora. E, de fato, tornou-se cantora, a maior do Brasil.
Sua carreira nasceu "Viva a Brotolândia". Quando Elis morreu, já era "Essa Mulher". Esses, dois de seus discos -o primeiro, que a marcou como aspirante a Cely Campelo, e um dos últimos-, mostram que poucos artistas expressaram por meio da obra o que realmente foram. Não houve música que Elis cantasse sem que, de algum jeito, não acreditasse nela.


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