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CDs lembram 20 anos sem artista
DA REPORTAGEM LOCAL
Em memória aos 20 anos sem
Elis, a Universal deve lançar, até o
fim do mês, "Elis, Vinte Anos de
Saudades". No CD duplo com 28
canções, uma reunião de alguns
compactos simples lançados em
vida. Entre as pérolas, duas músicas cantadas com Pelé (sim, o
próprio), da "Tabelinha Elis x Pelé": "Perdão, Não Tem" e "Vexamão", que na época rendeu uma
série de críticas contra a cantora.
"Eu adoro o Pelé. Quando um
amigo como ele me pede para fazer o favor de gravar suas músicas, eu não sei recusar", declarou.
O relançamento do relançamento ficou por conta da Warner.
Julho de 79, 13º Montreux Jazz
Festival. Na tradicional noite brasileira do evento na Suíça, Elis
suando frio. Pálida, achavam que
ela desmaiaria em pleno palco.
Odiando-se ao cantar, pediu que
não lançassem aquele show em
disco -apesar da boa interpretação de "Garota de Ipanema" durante o famoso "duelo" com Hermeto Pascoal ao piano.
Se Elis não estava em seus melhores momentos, o material valia
como registro histórico, que a
gravadora lançou no ano de sua
morte. Esse mesmo CD voltou à
baila, agora com sete faixas extras
que não entraram naquela primeira seleção. Junto, dessa vez,
também a chance de ouvir Elis
cantando Djavan, numa gravação
"filha única de mãe solteira" de
"Samba Dobrado".
Para a televisão -e quiçá para
cinema-, além da série, em processo de negociação entre TV
Globo e Trama Filmes, o que há
de certo é um documentário feito
pela produtora WeDo. Curiosidades sobre Elis Regina e sua carreira estarão em relatos de amigos e
músicos que a acompanharam, a
serem exibidos no dia 22 de fevereiro na TV Senac.
Trajetória
A série de homenagens feitas a
Elis não vem do acaso ou na esteira de algum modismo. Trata-se
de história e da necessidade de
perceber a importância do legado
de Elis Regina. Sim, porque não é
sempre que se ouve falar de uma
menina estrábica de 19 anos, que
vem de Porto Alegre para a cidade
grande, às vésperas do movimento militar de 64, dizendo que ia ser
cantora. E, de fato, tornou-se cantora, a maior do Brasil.
Sua carreira nasceu "Viva a Brotolândia". Quando Elis morreu, já
era "Essa Mulher". Esses, dois de
seus discos -o primeiro, que a
marcou como aspirante a Cely
Campelo, e um dos últimos-,
mostram que poucos artistas expressaram por meio da obra o que
realmente foram. Não houve música que Elis cantasse sem que, de
algum jeito, não acreditasse nela.
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