|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ERIKA PALOMINO
FASHIONISTAS SE JOGAM NA MODA DE INVERNO
Agora sim começou o ano
para a moda. O Amni Hot Spot
começou anteontem, enquanto da Europa sopram os novos
ventos do masculino de Milão.
Os jovens criadores neste primeiro dia se mostraram mais
consistentes e seguros. A Casa
das Caldeiras foi vestida de circo, emprestando um saudável
tom descompromissado, inexistente nas cinco edições anteriores (e não é que no caminho
tem um circo mesmo, o Circo
Spacial? Eu quase entrei com o
carro por engano!). No subsolo
do espaço, o que é underground ganhou cara de superprodução. O espetáculo vai começar. Uma banda de rock tocou ao vivo na vinheta do patrocinador e pronto: estava selado o evento como algo realmente jovem, para jovens. Ufa.
A Neon agradou aos olhos
especializados com uma coleção inteligente e sem pretensão, preservando seu caráter
experimental na roupa de banho e avançando em direção a
peças marcantes, como o delicioso poncho de couro com nó
na ponta. Dudu Bertholini e
Rita Comparato pesquisam o
vintage e o atualizam, com silhuetas vindas dos 80, com
tempero anos 20, mais uma
coisinha ou outra de balé e,
principalmente, de paixões
pessoais de moda, como os
turbantes, as estampas com
splashes fluo e os desenhos
cruzados dos decotes e tops.
Fabia Bercsek cresceu e começa a criar para mulheres
adultas e mais verdadeiras. Enxugou sua silhueta e acerta
agora nas proporções, alcançando bons momentos em
looks intercambiáveis de saia,
blusa e cardigã leve, mas também no mantô-fetiche de lã bege. Poderia passar sem os
spencerzinhos xadrez (são fortes ainda na memória os de
Herchcovitch), e investir mais
em suas boas listras, as batas,
reforçando ainda mais a feminilidade contemporânea de
seu amadurecido trabalho.
Veja todos os looks no site
www.erikapalomino.com.br.
MASCULINO FERVE
COM TOM FORD
Tom Ford emprestou especial
brilho à temporada do masculino em Milão. Em seu último
desfile do masculino da Gucci,
ele recebeu uma ovação em pé
do público, que enlouqueceu
com seus playboys de silhueta
enxuta, anos 70, modelos que
entravam na passarela com copo de uísque e cigarro na mão,
tendo como cenário pole dancers desnudas (somente um
menino, estrategicamente colocado em frente ao namorado do
estilista, o editor da "Vogue",
Richard Buckley). Para criar isso, Ford foi na essência da marca. "O consumidor da Gucci é
glamouroso, chique, um playboy elegante. Eles fumam, bebem, saem à noite, dormem
com homens ou mulheres. Eles
aproveitam a vida. E esse desfile
é sobre isso", disse o estilista ao
"WWD". Ford admitiu ainda
que ficou extremamente deprimido com sua saída do grupo
Gucci, mas que agora só pensa
em fazer o melhor trabalho possível até sua saída, em abril, já
que tem ainda três desfiles pela
frente e tem que colocar sua
equipe para cima. Parece que
até antes do Natal Ford tentou
compor um acordo com os executivos da PPR, aceitando deixar de fazer a YSL e baixando o
valor que pediu para ficar, mas
não houve jeito. A D-Squared
agradou, com um bom desfile,
muito produto, inspirada no
look country de sua terra natal,
o Canadá, enquanto a D&G fez
um passeio multicultural, contemplando até mesmo o Brasil
(na t-shirt de Naomi Campbell). A Prada surpreendeu,
com simpáticas estampas de robozinhos e até tie-dye, em seu
mais casual desfile até hoje.
"Quando são jovens, usam t-shitrs detonadas e jeans; quando viram homens de negócio se
vestem de modo mais formal",
declarou a estilista. Em sua volta ao masculino, Jil Sander veio
elegante e moderno, com pólo
fechada com paletó, roupa de
altíssima qualidade (puro luxury, daquele modo casual mas
supercaro que só ela faz). Nada
de revolucionário, mas cartela
linda, com neutros, e um incrível cashmere rosa claro.
CASAL DEPEYRE
ESTRÉIA BEM
O casal Melissa e Julien Depeyre
abre as sessões, estreando com
a marca que é seu sobrenome.
Julien é o tímido francesinho
por trás de muitos dos sucessos
de Reinaldo Lourenço. O casamento de informações de moda
com esperteza das ruas se dá
sob o signo do rock, e o casal investe nos modernistas urbanos,
com silhueta fina e alongada,
perfume gótico, com o roxo
pincelando as peças, sempre em
preto e cinza. Com um bom
casting, eles acertam nas proporções, principalmente com o
minivestido em índigo. Érica
Ikezilli vem mais conceitual,
aprimorando-se no corte e na
costura. A roupa vem mais trabalhada, com vestidos de cintura marcada, pitadas de knitwear
e McQueen fazendo do picote
pontudo a característica. Correu mais riscos e assinou o desfile com o último look, um otimista vestido multicor.
ANIMADOS ENCERRAM
HOT SPOT
O Hot Spot termina hoje com o
esperado segundo desfile de
J.Pig, revelação da última temporada, com um desfile inspirado no universo do circo. O
styling é de Felipe Veloso, o fashionista mais fashion -que no
primeiro dia estava inteiro de
Burberry. Depois, Simone Nunes e Emilene Galende (essa em
ótima forma), com muitas estampas e um simpático perfume vintage. Eduardo Inagaki,
que vem agradando com seu estilo conceitual e usável, vem em
seguida, e finalmente o encerramento acontece com o mais famoso camiseteiro de São Paulo,
Adriano Costa. Ele vai colocar
50 modelos na passarela, reunindo novamente modelos e
personalidades de seu círculo,
como Bianca Exótica e afins. A
coleção fala dos fatos do cotidiano, tendo como ícones Peter
Pan, Michael Jackson e um
pouco de Roberto Marinho (!!!).
Colaborou Camila Yahn, free-lance para
a Folha
palomino@uol.com.br
Texto Anterior: Live at the Grand Olympic Auditorium (DVD) Próximo Texto: Cinema/estréia - Em nome de Deus: Peter Mullan apresenta feridas da Irlanda católica Índice
|