São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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MÚSICA

Documentário dilui trajetória dos Ramones

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Poucos gêneros são tão difundidos na TV paga como o documentário do tipo "perfil", que se põe a descrever a carreira de determinado artista, em geral de música ou cinema, para reconstituir seus percalços rumo à fama, o ápice, os dramas pessoais, o eventual crepúsculo etc etc.
Na maioria deles, reina o tom "chapa-branca". Colegas são chamados para dizer que fulano tem "grande caráter" ou "sempre torna o trabalho mais fácil", e a geração mais nova relata que sicrano "teve grande influência quando decidi seguir minha carreira". Nada contra os elogios, principalmente se o retratado os merece, mas o moto-contínuo chega ao ponto de irritar.
"Ramones: I Wanna Be Sedated", exibido hoje em dois horários pelo canal GNT, padece desse mal, até de forma mais explícita, já que os depoimentos de louvor se apoderam do minidocumentário de pouco mais de 20 minutos -parcíssimos para a envergadura do quarteto nova-iorquino.
O diferencial que se pretendeu aqui foi elevar a importância de uma canção em relação às outras. "I Wanna Be Sedated", de "Road to Ruin" (1978), é vista como a grande obra-prima dos Ramones, a canção que garantiu ao grupo um lugar no Olimpo roqueiro. Fato discutível, afinal as anteriores "Sheena Is a Punk Rocker" e "Blitzkrieg Bop" -e por que não outras?- também tiveram grande contribuição em dar aos Ramones o status de clássico.
De resto, no documentário estão histórias batidas para os razoavelmente familiarizados com a banda punk: os shows no CBGB's, a influência sobre os britânicos Sex Pistols e Clash, a origem do nome vinda de um pseudônimo de Paul McCartney.
Tudo apresentado de maneira superficial, diluída, mostrando que o processo fast food chega até aos documentários de TV.


IMPACTO - RAMONES: I WANNA BE SEDATED. Quando: hoje, às 9h30 e 15h30, no GNT.


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