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TELEVISÃO
Novo "reality show" de canal pago dos EUA estréia sem eficácia para resolver crises e parece "Rainha por um Dia"
"Queer Eye" para mulheres tende ao constrangedor
ALESSANDRA STANLEY
DO "NEW YORK TIMES"
Tudo começou com o programa "Queer Eye for the Straight
Guy", produzido pelo canal Bravo
-que no Brasil é exibido pelo canal pago Sony. Era divertido.
O mesmo se aplica à paródia reversa, "Straight Plan for the Gay
Man" (que foi exibida em curta
temporada pelo GNT). Mas o derivativo distante "Queer Eye for
the Straight Girl" realmente não
funciona.
Há muitas mulheres que não escovam os cabelos ou jogam fora
os jornais velhos, mas nos "reality
shows" elas parecem mais patéticas que bonitinhas.
"Queer Eye for the Straight
Guy" funcionava bem ao remexer
em todos os doces estereótipos
que temos sobre os homens heterossexuais, definindo-os como
malcuidados, grosseiros e necessitados de um toque feminino
-ou, no caso, da dica de um homem gay.
Na noite de estréia do "reality
show", que aconteceu na última
quarta-feira nos Estados Unidos,
Nicole, 29, uma insegura mulher
que usa jeans e bonés de beisebol,
recebe a visita de uma equipe da
SWAT formada por três exuberantes homens gays e uma lésbica
-Damon Pease, Danny Teeson,
Robbie Laughlin e Honey Labrador-, todos especialistas em estilo, que vão ajudá-la a preparar sua
festa de 30º aniversário.
"Trinta é o novo 20", diz Robbie, responsável pelo quesito aparência, ou seja, roupas e maquiagem. (O que presumivelmente
implica que dez seja o novo zero.)
A equipe conclui que Nicole
precisa de um tratamento à maneira de "Sex and the City" ou, como define um de seus integrantes,
"precisa ser menos Charlotte e
mais piranha".
Crise
Mas as piadas verbais e físicas
dos estilistas não funcionam bem
diante da crise que eles têm de
ajudar a resolver. Os problemas
de Nicole parecem ser mais profundos que uma má coleção de
sapatos e uma falta de almofadas.
Ela parece angustiada e chora
sempre que fala do pai, que morreu na época em que ela estava na
faculdade.
E não é uma idiota. Depois de
uma sessão intensa de compras e
tratamento em um spa (que inclui
máscara de algas para o traseiro),
ela diz, mansamente: "Não me interpretem mal, mas isso tudo é
muito superficial".
Para exorcizar a desordem interior de Nicole, Danny, que fala
com sotaque londrino e cuida do
aspecto "vida", dá a ela um maço
de cartas de tarô e algumas dicas
espirituais estilo new age.
Ela está pronta para a festa,
usando um vestido preto que lhe
deixa as costas nuas e sapatos de
salto agulha. Um rapaz bonito por
quem ela se interessa em segredo
foi convidado para a festa, como
uma surpresa para Nicole, e o espanto e as lágrimas de alegria que
ela derrama ao vê-lo são pungentes -e meio tristes.
O que começou como um programa irônico de transformação
se torna uma espécie de choroso
"Rainha por um Dia", e isso incomoda muito mais do que diverte.
O "reality show" é exibido semanalmente e ainda não tem previsão de chegada ao Brasil.
Tradução Paulo Migliacci
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