São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Sucesso também nos piratas

"Se Eu Fosse Você 2", líder de bilheteria no país, é alvo de mercado ilegal; em alta, venda de ingressos ainda não sofre efeito

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Líder nas bilheterias brasileiras desde o início do ano, somando mais de 2,3 milhões de espectadores e renda próxima dos R$ 20 milhões, o longa nacional "Se Eu Fosse Você 2", de Daniel Filho, agregou outro indicador de sucesso ao seu currículo nesta semana: chegou ao mercado pirata de filmes.
Na rua 25 de Março, império do comércio popular em São Paulo, cópias do longa que dá sequência à história da troca de corpos entre o casal Helena (Glória Pires) e Cláudio (Tony Ramos) saem a R$ 5, cada uma.
"É versão da internet", disse a vendedora à Folha, advertindo sobre a má qualidade da imagem e do som, já que a cópia é originada de gravação feita com câmera portátil, dentro de um cinema. "Mas, se você quiser, tem o primeiro [filme] aqui, é versão de locadora."
A reportagem também encontrou o filme para download na internet, na mesma versão do camelô -uma busca por ""se eu fosse você 2" baixar" no Google indicava 874 mil resultados na manhã de ontem.
Diversos sites e blogs com links para baixar o filme advertem sobre a má qualidade da gravação, mas afirmam que o colocam on-line devido ao "grande número de pedidos".
O blog Cinebrasilfilmes acrescenta em seu texto: "Não venham reclamar, pois o filme estreou nos cinemas há poucos dias, é impossível conseguir uma melhor qualidade agora".
Segundo Márcio Gonçalves, diretor antipirataria para América Latina da Motion Picture Association (que representa os principais estúdios), "Se Eu Fosse Você 2" fazia parte, antes de ser lançado, de uma "lista de alerta" da associação, pelo potencial de atrair os piratas.

"Cara-de-pau"
"Assim que lançamos o filme, monitoramos as ruas e a internet. Logo após a estreia, encontramos o primeiro filme [de 2006] sendo vendido como se fosse a continuação", diz.
Walkiria Barbosa, da Total Entertainment, produtora do longa, se diz estarrecida "com a cara-de-pau gigantesca desses criminosos". Ela colabora nas investigações para ver "os culpados identificados e punidos".
Segundo Gonçalves, na última segunda, a sequência chegou à internet e aos camelôs em versão gravada dentro do cinema. "Mandamos as cópias para Los Angeles, para análise. Elas têm uma marca d'água que permite identificar se vêm da mesma fonte e em que cinema foram gravadas. Os resultados chegam na próxima semana."
Também estão sendo investigados, de acordo com ele, "os responsáveis pelos blogs, que funcionam como "cyberlockers" [áreas virtuais para armazenagem de arquivos], e quem colocou os arquivos na rede".
Hoje, Walkiria lança na rede campanha de combate à pirataria do filme, com depoimentos do diretor Daniel Filho e dos atores Cássio Gabus Mendes e Tony Ramos. A ideia é "trabalhar arduamente no esclarecimento à população que abraçou esse filme, para que eles sejam nossos braços e olhos no combate à pirataria", diz ela.
O comércio ilegal, contudo, não afetou a venda de ingressos. "Ontem [quarta], fizemos 170 mil espectadores. Mesmo com a chuva, São Paulo foi ao cinema. Isso é uma vitória muito grande", diz a produtora.
Oficialmente, a Fox estima que o longa terá um público de 4 milhões. Mas há boas chances de que ele supere os 4,6 milhões de espectadores de "Carandiru", vice-líder nacional desde 2005, atrás de "2 Filhos de Francisco" (5,4 milhões).


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