São Paulo, sexta, 16 de janeiro de 1998.



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RESTAURANTE - CRÍTICA
Tris di Minestra segue tendência de italianos com clima de residência

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

Parece irreversível, em São Paulo, a tendência à abertura de restaurantes com ares caseiros e gestão familiar, particularmente de extração italiana. Como vem a acontecer com o Tris di Minestra, casa aberta numa pequena e tranquila rua da Vila Mariana.
Como tem acontecido em outros pontos -caso da Casa Venitucci ou do Vecchio Torino, entre os mais antigos, e do Buttina, mais recente-, são profissionais oriundos de outras áreas que, curvando-se finalmente à paixão pela gastronomia, decidem abrir seu restaurante.
Que, em alguns casos, passa rapidamente de uma singela empreitada familiar para um negócio de grandes proporções.
No caso do Tris di Minestra, não se trata de uma família, mas é essa a atmosfera que ali impera. A casa é tocada por dois sócios. A cozinha fica com o italiano Renato Trevisani, um engenheiro agrônomo que, depois de exercer vários ofícios (inclusive o de piloto de provas em Imola), mudou-se para o Brasil (terra de sua mulher) dois anos atrás.
O salão é supervisionado pela sócia brasileira Darcy della Colleta, amiga que há muitos anos sonhava com a possibilidade de ter seu restaurante com a cozinha de Renato.
Ambos levam o negócio com grande informalidade. O salão onde funciona o restaurante lembra o ambiente de uma casa, em que os donos estejam circulando entre os convidados para comentar a comida ou simplesmente conversar. Eles mesmos podem recomendar os pratos, falando com entusiasmo de suas criações.
Algumas realmente causam a melhor impressão. A linguiça caseira, por exemplo, feita pessoalmente pelo chef, é bastante saborosa, suculenta, pouco picante. Ela pode fazer parte de um alentado antepasto couvert que inclui um delicado pão (tigella) com molho de ervas e outros petiscos produzidos no próprio restaurante.
Embora o cardápio mencione a oferta de pratos de carne, por enquanto são somente as massas que estão em vigor. Elas podem ser secas, importadas, ou frescas, feitas ali. O tris di minestra é um trio de massas (são três combinações possíveis), que podem também ser pedidas individualmente.
Os pratos são irregulares -um tagliatelle com frutos do mar vem com molho exíguo e mariscos endurecidos. O molho com ervilhas de lata e creme sai bem pesado. A oferta de vinhos não está à altura de uma casa italiana. Os tortelloni, por outro lado, são bastante equilibrados, servidos com manteiga, tomate e sálvia ou somente no molho de tomate, que apresenta em várias combinações, sempre perfumado e delicado. Há méritos, portanto, embora no conjunto a atmosfera ainda seja melhor que a comida.



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