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A TRILHA
Travesseiro ajuda a
escutar o disco
CARLOS CALADO
especial para a Folha
Comparada a outras trilhas sonoras de filmes-catástrofe, a música escrita e regida por James Horner para "Titanic" chega a surpreender pela relativa leveza da
maioria de suas composições.
Afinado com o tom romântico
que domina a produção, Horner
utiliza muitas cordas, sintetizadores e vocais suaves para arquitetar
atmosferas delicadas, temperando-as com timbres e melodias que
foram emprestados da música irlandesa.
New age
Em temas como "Leaving Port"
ou "Rose", tem-se mesmo a impressão de que a cantora irlandesa
Ennya -estrela máxima do gênero new age- entrará em cena a
qualquer momento para assumir
os vocais.
Evidentemente, para musicar
um enredo com um final tão trágico como o de "Titanic", Horner
foi obrigado a criar passagens bastante dramáticas, mas em poucos
momentos sua partitura abusa da
grandiloquência típica dos filmes
épicos.
Na verdade, a grande apelação
da trilha sonora está na chatíssima
canção "My Heart Will Go On",
interpretada com altas doses de sacarina pela cantora canadense Celine Dion -uma escolha com evidente intenção de disputar prêmios internacionais como o
Grammy e o Oscar. Puro clichê de
produtor "esperto".
Sem a companhia das imagens
do filme, o tom excessivamente
romântico da música de James
Horner acaba transformando a
audição da trilha sonora de "Titanic" em uma verdadeira prova de
resistência.
Para desfrutá-la integralmente,
como um bom disco de new age,
recomenda-se o uso de um travesseiro.
Disco: Titanic
Autor: James Horner
Lançamento: Sony Music
Quanto: R$ 18 (em média)
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