São Paulo, sexta, 16 de janeiro de 1998.



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A TRILHA
Travesseiro ajuda a escutar o disco

CARLOS CALADO
especial para a Folha

Comparada a outras trilhas sonoras de filmes-catástrofe, a música escrita e regida por James Horner para "Titanic" chega a surpreender pela relativa leveza da maioria de suas composições.
Afinado com o tom romântico que domina a produção, Horner utiliza muitas cordas, sintetizadores e vocais suaves para arquitetar atmosferas delicadas, temperando-as com timbres e melodias que foram emprestados da música irlandesa.
New age
Em temas como "Leaving Port" ou "Rose", tem-se mesmo a impressão de que a cantora irlandesa Ennya -estrela máxima do gênero new age- entrará em cena a qualquer momento para assumir os vocais.
Evidentemente, para musicar um enredo com um final tão trágico como o de "Titanic", Horner foi obrigado a criar passagens bastante dramáticas, mas em poucos momentos sua partitura abusa da grandiloquência típica dos filmes épicos.
Na verdade, a grande apelação da trilha sonora está na chatíssima canção "My Heart Will Go On", interpretada com altas doses de sacarina pela cantora canadense Celine Dion -uma escolha com evidente intenção de disputar prêmios internacionais como o Grammy e o Oscar. Puro clichê de produtor "esperto".
Sem a companhia das imagens do filme, o tom excessivamente romântico da música de James Horner acaba transformando a audição da trilha sonora de "Titanic" em uma verdadeira prova de resistência.
Para desfrutá-la integralmente, como um bom disco de new age, recomenda-se o uso de um travesseiro.


Disco: Titanic
Autor: James Horner
Lançamento: Sony Music
Quanto: R$ 18 (em média)



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