São Paulo, sexta, 16 de janeiro de 1998.



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Mídia dos EUA começa a pagar

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

A regra básica nos EUA tem sido: jornalismo de prestígio não paga por entrevistas; jornalismo sensacionalista sim. Mas está mudando.
A chamada "tabloidização da imprensa" (os jornais sensacionalistas no Reino Unido e EUA em geral são editados em formato tablóide, metade do tamanho de um jornal de prestígio) norte-americana está fazendo alguns veículos considerarem a possibilidade de pagar por entrevistas de personalidades que, de outra forma, não falam com jornalistas.
Em casos como o julgamento de O.J. Simpson e o ataque da patinadora Tonya Harding contra uma rival, muitos personagens-chaves exigiam dinheiro para darem entrevistas e foram atendidas.
Terry Dalton, um professor de jornalismo em Maryland, região da Grande Washington, diz que a pressão dos leitores e dos executivos do jornalismo (por exigirem lucros a qualquer custo) faz "salpicar lama no leito do rio principal".
O repórter Michael Glynn, do jornal sensacionalista "National Enquirer", acha que pagar por entrevistas está na raiz do jornalismo norte-americano. "Lembre-se de Hearst", diz, referindo-se ao poderoso "publisher" do início do século, inspirador do filme "Cidadão Kane", de Orson Welles.
Algumas celebridades, mesmo do mundo acadêmico, podem pedir dinheiro para dar entrevista se o veículo que a solicita não lhe confere prestígio ou é de um país onde a divulgação de seu nome ou idéias não lhe interessa. Dizem que é uma forma de valorizar seu tempo.
Outras se associam a entidades que vendem acesso a elas e lhes pagam uma participação.



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