|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mídia dos EUA
começa a pagar
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
A regra básica nos EUA tem sido:
jornalismo de prestígio não paga
por entrevistas; jornalismo sensacionalista sim. Mas está mudando.
A chamada "tabloidização da
imprensa" (os jornais sensacionalistas no Reino Unido e EUA em
geral são editados em formato tablóide, metade do tamanho de um
jornal de prestígio) norte-americana está fazendo alguns veículos
considerarem a possibilidade de
pagar por entrevistas de personalidades que, de outra forma, não falam com jornalistas.
Em casos como o julgamento de
O.J. Simpson e o ataque da patinadora Tonya Harding contra uma
rival, muitos personagens-chaves
exigiam dinheiro para darem entrevistas e foram atendidas.
Terry Dalton, um professor de
jornalismo em Maryland, região
da Grande Washington, diz que a
pressão dos leitores e dos executivos do jornalismo (por exigirem
lucros a qualquer custo) faz "salpicar lama no leito do rio principal".
O repórter Michael Glynn, do
jornal sensacionalista "National
Enquirer", acha que pagar por entrevistas está na raiz do jornalismo
norte-americano. "Lembre-se de
Hearst", diz, referindo-se ao poderoso "publisher" do início do
século, inspirador do filme "Cidadão Kane", de Orson Welles.
Algumas celebridades, mesmo
do mundo acadêmico, podem pedir dinheiro para dar entrevista se
o veículo que a solicita não lhe
confere prestígio ou é de um país
onde a divulgação de seu nome ou
idéias não lhe interessa. Dizem que
é uma forma de valorizar seu tempo.
Outras se associam a entidades
que vendem acesso a elas e lhes pagam uma participação.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|