Cleo Velleda/Folha Imagem

Vestido de neoprene vermelho com tratamento e corte que lembram as peças de alta-costura, do estilista Fause Haten, um dos destaques do Morumbi Fashion Brasil, que acomeça amnhã em São Paulo

ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Começa em São Paulo a sexta edição do MorumbiFashion Brasil, o mais importante evento de moda do país, com custo de R$ 1,5 milhão. Um desfile dos patrocinadores Mesbla/Mappin amanhã, seguido de uma festa, dá a partida na programação dos lançamentos, que prosseguem de segunda a sexta mostrando a moda de 19 marcas. Os desfiles acontecem somente para convidados no prédio da Bienal e numa ala do próprio shopping, patrocinador do evento.
Mais que um panorama da moda brasileira realizado no olho de uma crise nebulosa e grave, o sexto MorumbiFashion marca mudanças importantes no mercado, seja por conta das novas datas do tão almejado calendário de lançamentos, quanto em relação a alterações na estrutura de produção.
É preciso observar que esta edição do evento foi antecipada em um mês -e isso interessa para o público. O objetivo é que as marcas tenham mais tempo a partir do momento em que a coleção é mostrada aos compradores, até que eles façam seus pedidos e as roupas cheguem às lojas.
Assim, cada vez mais os desfiles se distanciam da pura ferveção de mídia & convidados. O fato representa um grande passo em relação a uma maior profissionalização do mercado e foi tomado de comum acordo com os confeccionistas, mas também tem levado alguns deles à loucura, com atrasos na entrega de tecidos e produtos devido às festas de fim de ano.
A Beneduci não pôde participar desta edição porque suas oficinas na Itália e no Uruguai fecharam no Natal e não se adequaram aos novos prazos. "O desfile não é deles, eles não tinham essa preocupação", diz Graziella Beneduci. A marca tentou procurar tecidos semelhantes no Brasil para efetuar substituições, mas, segundo ela, "eles não tinham nada", e o resultado final comprometeria a qualidade da Beneduci. Mesmo assim, a grife apóia a antecipação e promete estar no próximo, que também deverá ter sua data puxada em um mês, já marcada para junho.
As grandes marcas também operam mudanças em seu funcionamento, e o que se verifica desde já é uma maior descentralização, com a diversificação das atividades dentro das grifes. Uma das marcas em que isso acontece é a Ellus, em que Sarita Dal Pozzo assina o jeans; dois ex-assistentes respondem pelo "casual"; Alexandre Mattos responde pela coordenação do feminino, morando metade do ano em Milão, e Jeziel Moraes estréia no masculino.
"As pessoas estão menos dispersas, a produção criativa aumentou", garante o gerente de marketing Marcelo Sebá. O proprietário da marca, Nelson Alvarenga, atende agora como "creative director", na coleção (segunda-feira).
Em outro gigante, a Zoomp (quinta), Alexandre Herchcovitch desenha a linha feminina, enquanto a marca dá apoio na distribuição e confecção da linha que leva o nome do estilista, com estréia marcada para fevereiro em Londres. Marcelo Sommer desenha para a Zapping (segunda), que também patrocina sua coleção. "Estamos nos preparando para uma nova fase do mercado mundial. Não sei quem se favoreceu mais, a empresa ou os dois profissionais", diz seu proprietário, Renato Kherlakian.