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Cineasta vai a Hollywood indicado para melhor filme e filme estrangeiro no Oscar deste ano
O golpe implacável de Ang Lee
Para diretor, longa é "encontro cara a cara com as alegrias mais sagradas" que teve desde a infância
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Divulgação
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Ang Lee, diretor de "O Tigre e o Dragão", filme indicado ao Oscar em dez categorias |
JORDAN RIEFE
DA "PLANET SYNDICATION"
Desde que surgiu no cenário internacional com "O Banquete de
Casamento", em 1994, Ang Lee é
rotulado de "cineasta asiático".
Depois disso, ele fez "Razão e Sensibilidade", indicado para o Oscar, o nada asiático "Tempestade
de Gelo", que ganhou o prêmio de
melhor roteiro em Cannes, e, no
ano passado, "Cavalgada com o
Diabo", uma história sobre exploradores no Missouri durante a
Guerra Civil Americana. Nesta
temporada, ele se lançou numa
área que muitas pessoas supõem
ser natural para ele: o filme sobre
artes marciais. Ele nunca trabalhara no contexto histórico chinês, mas, apesar disso, com "O Tigre e o Dragão", conseguiu criar o
que talvez seja o filme definitivo
de artes marciais de Hong Kong.
Pergunta - Você já disse que esse
filme é um "Razão e Sensibilidade"
com artes marciais.
Ang Lee - Foi como o descrevi
quando tentávamos levantar dinheiro para o filme. "Razão e Sensibilidade" foi de longe o filme de
maior sucesso comercial que já
fiz, e os filmes de artes marciais
são um gênero instigante, de modo que a descrição saiu naturalmente.
Venho fazendo filmes sobre razão e sensibilidade ao longo de
minha carreira -obrigações sociais versus livre arbítrio pessoal-, e este não é exceção. Talvez seja esse o elemento que une
meus filmes. Ele mostra o paradoxo da essência da vida, o yin e o
yang. Num drama familiar há embates verbais; neste filme, são
combates físicos.
Pergunta - Você fala em físico,
mas torna-se quase metafísico.
Lee - Eu queria um encontro cara a cara com as alegrias mais sagradas que tive desde a infância.
Qualquer fantasia que eu já tenha
tido sobre ação, poder, moralidade, romance, todas estão no filme.
Mas eu tinha que encontrar uma
desculpa para isso, e essa era a forma perfeita. É a abordagem metafórica e metafísica de um mundo
abstrato de minha fantasia sobre
relacionamentos e sobre a China.
Quis pegar esse gênero, pegar a liberdade e torná-la emocionalmente relevante para a platéia, de
maneira realista.
Folha - E as mulheres fortes?
Lee - Essa é outra fantasia que tenho. Elas não se comportam como homens, são mulheres, você
pega o ponto de vista delas e o leva
para dar uma volta emocional pelo filme.
Muitas vezes, quando se pensa
na fantasia masculina, especialmente nesse gênero, as mulheres
ganham papéis grandes apenas
para causar impressão e mostrar
o quanto são fantásticas. Elas podem dominar os homens ou não,
mas você as olha como um fenômeno, em lugar de compreendê-las com o coração e embarcar na
viagem ao lado delas. É isso que é
importante.
Pergunta - Como é filmar na China?
Lee - O filme tinha bom apoio,
mas a natureza da produção na
China é difícil, muito menos organizada do que no cinema americano. Por um lado, é mais flexível.
Deixando de lado as questões políticas, eu sou de Taiwan, a equipe
é de Hong Kong e trabalhamos
com cineastas chineses. De alguma maneira, aquela velha fantasia
da China como o dragão oculto é
uma regra cultural universal abstrata aplicada por todos.
Pergunta - As cenas de luta devem ter tomado muito tempo.
Lee - Trabalhei com o melhor
cara, Yuen He Ping, de quem sou
fã desde a década de 70. A cada
dez anos, mais ou menos, ele faz
alguma coisa que revoluciona o
setor, e todo mundo o copia.
Como muitos dos melhores, ele
vem de um passado de ópera,
mais do que de artes marciais. São
esses os melhores coreógrafos.
Pergunta - Alguma vez você imaginou chegar ao nível de sucesso
que já atingiu?
Lee - Sim, acho que sim. Não
existe distância entre a gente e
uma fantasia -é um sonhar
acordado. Às vezes sinto tudo isso
como muito real, mas é claro que
tenho uma concepção diferente
do que é. Há muita realidade envolvida nessa fantasia.
Tradução Clara Allain
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