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O futebol entra no campo do cinema com Ugo Giorgetti, Anibal Massaini
e Bruno Barreto
2º tempo
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Dois anos depois da conquista
do penta, o futebol brasileiro invade as telas de cinema.
Enquanto Ugo Giorgetti prepara a continuação do bem-sucedido "Boleiros", Anibal Massaini finaliza o documentário "Pelé Eterno" e Bruno Barreto filma a comédia "O Casamento de Romeu e
Julieta", que trata do romance entre um corintiano e uma palmeirense.
A Folha teve acesso ao roteiro
de "Boleiros 2" (leia trecho ao lado), que Giorgetti pretende rodar
em julho e agosto. O "orçamento
ideal" é R$ 4 milhões. "Mas, se for
preciso, adapto o projeto para fazer com R$ 3 milhões", diz o diretor, que já conta com metade disso, proveniente da agência W-Brasil e de um concurso do governo do Estado de São Paulo.
Assim como o primeiro "Boleiros", o novo longa contará várias
histórias, irradiadas a partir de
um bar onde se reúnem ex-jogadores.
Só que desta vez a estrutura é
mais maleável, comportando vários acontecimentos simultâneos.
O tom nostálgico do primeiro filme dá lugar à abordagem crítica e
cômica de temas mais atuais: mulheres no apito, a influência dos
empresários no destino dos atletas, a onipresença da mídia, as
"marias chuteiras" etc.
A situação central do filme é a
reinauguração do velho bar, que
passou por uma reforma modernosa quando Marquinhos, um astro do futebol atual, se tornou sócio do local.
O craque, que atua num grande
clube europeu, é a grande estrela
da inauguração. Durante a festa,
porém, Marquinhos é pressionado pela advogada de seu irmão
presidiário, que a orienta pelo telefone celular a extorquir dinheiro
do jogador.
Além disso, uma ex-mulher do
astro também ameaça fazer um
escândalo diante das câmeras se
não receber dinheiro. Lauro, o
empresário de Marquinhos, tenta
administrar os conflitos e ao mesmo tempo conter o assédio das
"marias chuteiras".
Conhecido pelas escolhas certeiras e surpreendentes de elenco
(já dirigiu Tom Zé, Jorge Mautner
e Décio Pignatari, entre outros),
Giorgetti pretende contar com o
craque Denílson no papel do astro Marquinhos.
O cineasta tentará trazer também Leona Cavalli, Paulo Miklos,
Paulo César Pereio, Cacá Carvalho, Illana Kaplan e o locutor esportivo Silvio Luiz.
Alguns personagens do primeiro "Boleiros" estarão de volta, como os ex-jogadores Otávio
(Adriano Stuart) e Naldinho (Flávio Migliaccio) e o jornalista Zé
Américo (Cássio Gabus Mendes).
"Mesmo se reportando a um futebol que não existe mais, o primeiro "Boleiros" foi bem recebido
pelos jovens", diz Giorgetti.
Depois de sair dos cinemas,
"Boleiros" vendeu 7.000 cópias
em vídeo, sem contar as fitas distribuídas em bancas junto com a
revista "Isto É". E o governo paulista distribuiu 6.000 cópias em escolas do Estado. Exibido freqüentemente na Rede Cultura e no Canal Brasil, tem atingido boa audiência.
Esse sucesso duradouro levou a
emissora paga HBO a se interessar por uma série de TV. Giorgetti
chegou a escrever sinopses para
13 programas, mas o projeto acabou não vingando. "Nesse processo, descobri que ainda havia
muita coisa a dizer. Disso nasceu
o "Boleiros 2'", diz o diretor.
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