de Paris

Um dos atores que acompanha e aborda o público que vai assistir à peça interativa "Uma Viagem Diferente das Outras" é o brasileiro Pedro Viana, 51. O espetáculo que mostra a situação dos refugiados no mundo se confunde com sua própria história -ele mesmo é refugiado na França há 25 anos.
Integrante do Partido Comunista durante o período do regime militar no Brasil, Viana foi perseguido pelo governo e se exilou no Chile em 1971. Dois anos depois, ele foi preso no Estádio Nacional de Santiago após o golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet.
Sua sorte foi a de conseguir ser incluído na lista do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
"Felizmente, não tive as mesmas dificuldades que os personagens da peça têm para entrar na França, pois na época a esquerda do país acompanhava os casos de refugiados do Chile mais de perto", disse Viana à Folha.
Segundo ele, os problemas mais difíceis aconteceram antes de conseguir chegar à França. Ele afirma que o pior momento foi quando teve sua extradição suspensa depois de já ter assinado a documentação necessária, devido à chegada de militares brasileiros ao estádio.
Viana conta que, em 25 anos, só voltou ao Brasil duas vezes. Atualmente, além de trabalhar no espetáculo, ele também faz parte de uma ONG francesa que dá apoio aos refugiados.
"Acho que minha pátria agora é aqui. Na verdade, nunca gostei muito de samba, Carnaval, futebol ou cachaça." (MS)


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