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ARTES PLÁSTICAS
Artista expõe paralelamente à Bienal trabalho com imagens e sons de São Paulo no Instituto Goethe
Wesely mostra reconstrução de Berlim
CARLA MENEGHINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Retratar a passagem de tempo
em um filme de um único fotograma: parece impossível, mas é o
que o artista plástico alemão Michael Wesely, 39, convidado da
25ª Bienal Internacional de Artes
de São Paulo, tem feito pelo mundo nos últimos anos.
Wesely representa Berlim na
Bienal com uma série de fotos tiradas durante dois anos. Isso
mesmo: a entrada de luz da câmera ficou aberta durante dois anos.
O objetivo é imprimir as mudanças urbanísticas em Berlim depois
da queda do muro.
O artista realizou experiência
semelhante há alguns meses em
São Paulo: captou fotos de 20 minutos de exposição de pontos
centrais da cidade, que estarão expostas no Instituto Goethe paralelamente à Bienal. As fotos foram
impressas em LPs, em que estão
gravados o sons ambientes dos locais retratados, tratados e remixados pelo DJ alemão Kalle Laar.
O Brasil não é novidade para
Wesely, que dá aulas de fotografia
nas favelas da Rocinha e do Andaraí, no Rio, desde o ano passado.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha - Como são os trabalhos
que você está trazendo para a Bienal de São Paulo?
Michael Wesely - Tenho uma série representando Berlim e outra
no módulo especial, "Cidade Utópica". Minha representação de
Berlim é composta por fotografias
tiradas com longa exposição. A
entrada de luz da câmera ficou
aberta durante dois anos inteiros,
entre 97 e 99. Podemos ver Berlim
sendo reconstruída. É como se eu
tivesse filmado um documentário
sobre a reconstrução da cidade,
mas há um único fotograma.
Folha - E o trabalho produzido para o módulo especial?
Wesely - A série especial, que é
inédita, retrata diversos bares e
restaurantes de metrópoles e paisagens naturais de todo o mundo.
Só que os bares são fotografados
de forma vertical e a paisagem é
mostrada horizontalmente. O importante é percebermos que a cidade e a cultura são verticais, enquanto a natureza é horizontal.
Folha - Como é o projeto sobre
São Paulo que você estará expondo
paralelamente à Bienal?
Wesely - Eu e meu amigo Kalle
Laar, que é DJ, fomos a diversos
pontos, como a praça da Sé e o largo de Santa Cecília, e ao mesmo
tempo em que eu tirava uma foto
de longa exposição, com a câmera
aberta durante 20 minutos, Kalle
gravava o som ambiente do lugar.
As fotos foram impressas em LPs
que tocam o som ambiente remixado. Kalle adicionou uma base
rítmica e fez músicas com sons característicos de São Paulo.
Folha - Como foram as aulas nas
favelas?
Wesely - Eu dei uma câmera digital na mão de cada aluno e pedi
que eles fotografassem coisas que
fossem importantes para eles. O
essencial foi que pensassem em
suas próprias escolhas.
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