São Paulo, sábado, 16 de março de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Artista expõe paralelamente à Bienal trabalho com imagens e sons de São Paulo no Instituto Goethe

Wesely mostra reconstrução de Berlim

CARLA MENEGHINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Retratar a passagem de tempo em um filme de um único fotograma: parece impossível, mas é o que o artista plástico alemão Michael Wesely, 39, convidado da 25ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo, tem feito pelo mundo nos últimos anos.
Wesely representa Berlim na Bienal com uma série de fotos tiradas durante dois anos. Isso mesmo: a entrada de luz da câmera ficou aberta durante dois anos. O objetivo é imprimir as mudanças urbanísticas em Berlim depois da queda do muro.
O artista realizou experiência semelhante há alguns meses em São Paulo: captou fotos de 20 minutos de exposição de pontos centrais da cidade, que estarão expostas no Instituto Goethe paralelamente à Bienal. As fotos foram impressas em LPs, em que estão gravados o sons ambientes dos locais retratados, tratados e remixados pelo DJ alemão Kalle Laar.
O Brasil não é novidade para Wesely, que dá aulas de fotografia nas favelas da Rocinha e do Andaraí, no Rio, desde o ano passado.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - Como são os trabalhos que você está trazendo para a Bienal de São Paulo?
Michael Wesely -
Tenho uma série representando Berlim e outra no módulo especial, "Cidade Utópica". Minha representação de Berlim é composta por fotografias tiradas com longa exposição. A entrada de luz da câmera ficou aberta durante dois anos inteiros, entre 97 e 99. Podemos ver Berlim sendo reconstruída. É como se eu tivesse filmado um documentário sobre a reconstrução da cidade, mas há um único fotograma.

Folha - E o trabalho produzido para o módulo especial?
Wesely -
A série especial, que é inédita, retrata diversos bares e restaurantes de metrópoles e paisagens naturais de todo o mundo. Só que os bares são fotografados de forma vertical e a paisagem é mostrada horizontalmente. O importante é percebermos que a cidade e a cultura são verticais, enquanto a natureza é horizontal.

Folha - Como é o projeto sobre São Paulo que você estará expondo paralelamente à Bienal?
Wesely -
Eu e meu amigo Kalle Laar, que é DJ, fomos a diversos pontos, como a praça da Sé e o largo de Santa Cecília, e ao mesmo tempo em que eu tirava uma foto de longa exposição, com a câmera aberta durante 20 minutos, Kalle gravava o som ambiente do lugar. As fotos foram impressas em LPs que tocam o som ambiente remixado. Kalle adicionou uma base rítmica e fez músicas com sons característicos de São Paulo.

Folha - Como foram as aulas nas favelas?
Wesely -
Eu dei uma câmera digital na mão de cada aluno e pedi que eles fotografassem coisas que fossem importantes para eles. O essencial foi que pensassem em suas próprias escolhas.



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