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Intrépida Trupe mergulha nos "Sonhos"
DA REPORTAGEM LOCAL
Talvez a mais bem-sucedida
companhia a superar dificuldades
na Ópera de Arame para espetáculos de artes cênicas (a acústica é
problema crucial do espaço concebido com laterais abertas, junto
a uma antiga pedreira), a carioca
Intrépida Trupe é mais uma vez
escalada para abrir o Festival de
Teatro de Curitiba com sua linguagem mista de circo, dança e
teatro.
"Sonhos de Einstein" será apresentado amanhã no lançamento
do festival, somente para convidados, e participa da Mostra Oficial a partir de quinta-feira.
Como em "Kronos", que abriu
o FTC em 2000, o novo espetáculo
gravita em torno do tempo. Se
aquele trazia um bufão como narrador de uma história que costurava ciência e mitologia (eram
evocados deuses como Kronos e
Zeus), "Sonhos de Einstein" ignora fio condutor e traz números
fragmentados, variações sobre o
tempo e, inevitavelmente, sobre a
física em geral.
O ponto de partida é o livro homônimo do americano Alan
Lightman, publicado no Brasil em
1993 pela Companhia das Letras,
que flagra Albert Einstein (1879-1955) no início do século 20, aos
26 anos, em Berna, na Suíça, funcionário de um escritório de patentes, então mergulhado em sonhos que embaralham noções de
tempo e espaço.
Segundo o diretor Cláudio Baltar, 46, a ficção trata de alguns fenômenos que já foram investigados cenicamente pela Intrépida
em seus 17 anos de estrada.
Quando o livro toca em questões como tempo mecânico ou
corporal ou na lei que diz que o
universo caminha da ordem para
a desordem, tudo conspira para o
trabalho da companhia, que coloca seus intérpretes nas alturas, em
movimentos de pêndulo, giro ou
espiral, por vezes "sobrevoando"
a cabeça do público.
O palco foi adaptado para ficar
abaixo da cúpula da Ópera de
Arame, onde normalmente está
localizada a arquibancada. Serão
520 espectadores. Pelo menos 60
deles acompanharão "Sonhos de
Einstein" sentados em balanços
dispostos nas laterais. A idéia é
que vivenciem as cenas literalmente em movimento.
Apesar do domínio visual (imagens criadas por meio da luz e de
coreografias em que alguns atores
surgem suspensos por aparelhos
inventados pela companhia), há
pontuações em off de textos relativos à física.
(VS)
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