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CRÍTICA
"Frances" soa pós-moderno por excelência
DA REPORTAGEM LOCAL
Gostou do cabelo de Omar
e Cedric? Se amarrou nas
calças de couro apertadas da
dupla? Cuidado. As aparências enganam. O Mars Volta
está a anos luz de distância
da recente safra de bandas
que resolveram tirar a poeira
dos discos do Clash ou do
Joy Division e assaltar os
brechós e o armário da vovó
em busca de um "visú retrô".
(Apesar de terem dividido
o palco com o Libertines, no
último Tim Festival, mais da
metade do público deixou a
sala antes da apresentação
dos chicanos. Preferiram ver
os Pet Shop Boys...).
Foi a palavra "progressivo" que chamou sua atenção? Bem, "The Widow", e
"Cassandra Gemini", com
seus quase 30 minutos, com
seu clima viajandão, crescendos e arranjos operísticos à Pink Floyd, talvez sejam uma boa para você. Mas
alto lá! Em faixas como
"Cygnus... Vismund
Cygnus" vai acabar percebendo que o estilo vocal histérico de Cedric pende menos para David Gilmour do
que para um Freddie Mercury ou uma Björk (mais)
fora de controle.
Acha o máximo essa onda
de misturar salsa com funk,
samba com rap ou chachacha com música eletrônica?
Não se iluda. "L'Via L'Viaquez", com participações de
Flea, no trompete, e John
Frusciante, na guitarra, tem
um pouco disso, mas em outros momentos Mars Volta é
rock puro: feio, sujo e malvado (quando não "fora" de
tempo).
Em suma, se você respondeu não a todas as perguntas
acima, vai fundo. "Frances
the Mute" pode ser o disco
que estava procurando.
É o álbum pós-moderno
por excelência, que funde
presente, passado e futuro
em uma só faixa de 77 minutos e, em vez de pegar a sua
mão e conduzi-lo por uma
viagem ao encontro de tudo
o que já viu e ouviu, vai arremessá-lo num lugar frio e escuro em que é você quem terá de tatear pelas saídas. Como dizem: "Niño preparate,
que vas sufrir".
(DA)
Frances the Mute
Artista: Mars Volta
Gravadora: Universal
Preço: R$ 30, em média
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