São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

música

Alemã Ute Lemper leva ao palco canções "violentas e filosóficas"

Em shows no Rio e em São Paulo, cantora apresenta repertório que inclui Weill, Piazzolla e Piaf

Atualmente, intérprete se dedica a projeto que transforma em música poemas do americano Charles Bukowski

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De Kurt Weill a Astor Piazzolla, passando por Edith Piaf e canções de própria autoria: a cantora alemã Ute Lemper, 47, volta ao Brasil nesta semana mostrando os diversos universos poéticos e musicais por que trafega.
Acompanhada por Vana Gierig (piano) e Tito Castro (bandônion), hoje, no Rio, no Oi Casa Grande, ela faz "Kabarett", espetáculo centrado na parceria do compositor Kurt Weill (1900-1950) com o dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956), bem como no repertório francês.
Sexta-feira, em São Paulo, é a vez de "Last Tango in Berlin", que ela mostrou no Canecão, no Rio, em setembro do ano passado.
"É uma noite que leva você da Berlim da República de Weimar até Buenos Aires e, através de Nova York, de volta a Berlim", explica a cantora, evocando ao palco uma personagem brechtiana.
"Eu imagino a Jenny dos Piratas, que primeiro viveu seus melhores anos em Berlim, nos anos dourados de 1920, tendo que escapar dos nazistas para encontrar um lugar seguro e começar uma vida nova."

PIAZZOLLA
Normalmente associada ao repertório de cabaré alemão, da canção francesa e do musical norte-americano, Lemper acabou chegando nessa jornada ao mundo do compositor argentino Astor Piazzolla (1921-1992), ao qual ela dedica diversas apresentações ao longo de 2011.
"Conheci Piazzolla em Paris nos anos 1980 e fiquei fascinada. Teria adorado colaborar, mas não estava pronta", afirma a cantora, que, na época, atuava no musical "Cabaret", de John Kander e Fred Ebb.
Lemper vê analogias entre a música do compositor argentino, as criações de Weill e os cancionistas franceses.
"Esse repertório tem um sentido de expressionismo e belas melodias", diz. "Traz histórias sombrias de sobrevivência e perda nas grandes cidades, que te engolem com decadência e sedução. As canções são violentas e filosóficas, mas também doces e assombrosas."

BEAT
Sua fascinação atual é a a poesia do "maldito" Charles Bukowski (1920-1994), do qual ela leu a obra completa para criar o Projeto Bukowski, que coloca em música 30 poemas do autor americano.
"O caráter direto de suas palavras, as observações do crime e da injustiça, os párias, a decadência, os perdedores, os solitários e os bares de uísque parecem-me familiares ao mundo de "Mahagonny", de Brecht", compara a intérprete.
"Contudo, Bukowski teve visões muito proféticas e é chocante o quanto de verdade descobrimos 30 anos depois de essas obras terem sido escritas."

UTE LEMPER
QUANDO hoje, às 21h
ONDE Oi Casa Grande, no Rio (av. Afrânio de Melo Franco, 290, tel. 0/xx/11/4003-2330)
QUANTO de R$ 40 a R$ 120
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
QUANDO sexta, às 22h
ONDE Via Funchal, em São Paulo (r. Funchal, 65, tel. 0/xx/11/ 3846-2300, São Paulo)
QUANTO R$ 80 a R$ 180
CLASSIFICAÇÃO 12 anos




Texto Anterior: Folha.com
Próximo Texto: Crítica jazz: Tons variados de Renaud García-Fons revelam passagens de inegável beleza
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.