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PERSONALIDADE
José Mojica diz que era "pássaro selvagem'
Zé do Caixão corta
unhas de 35 anos
FERNANDO COSTA NETTO
Editor-chefe do "Notícias Populares"
Sexta passada, 13 de março, José Mojica Marins, 62, na pele de
seu personagem Zé do Caixão,
protagonizou o maior corte de
unhas do mundo.
Nessa data simbólica, sob noite
de lua cheia na capital, foram
derrubadas as cinco garras da
mão esquerda que acompanhavam o cineasta havia 35 anos.
O evento teve a participação
especial da banda Sepultura, que
entrou no clima da cerimônia
com uma paulada sonora.
Enquanto a banda tocava, Mojica, devidamente trajado de Zé
do Caixão, recitava o monólogo
"Prenúncio", escrito por ele, sobre medo, corrupção, forças
desconhecidas, liberdade de expressão e outros tabus.
Terminado o monólogo, Claudia Guedes, 25, uma das 13 guardiãs do Terceiro Milênio -personagem que faz parte da parafernália do cineasta-, apagou a
vela que carregava, pegou uma
tesoura, deu dois passos à frente
e iniciou a delicada operação de
corte das unhas mais famosas do
planeta. A platéia gritava o nome
da banda Sepultura e pedia em
coro para que fosse cortada a
mão inteira de Zé do Caixão.
Cada uma daquelas unhas
compridas e espessas já tinham
um destino certo. A do polegar
foi entregue a Igor Cavalera, líder da banda, a do mindinho foi
colocada na Internet e será leiloada com renda revertida a uma
instituição que cuida de crianças
carentes, a do dedo indicador foi
doada ao jornal "Notícias Populares", a quarta foi enviada ao
apresentador Faustão. A quinta é
patrimônio de Zé do Caixão.
Uma crise renal impediu Mojica de cumprir no palco um antigo desejo, o de fechar a mão esquerda já sem as unhas, curvar o
braço e dar uma banana à corrupção no Brasil. Mojica, com
muitas dores, foi amparado e seguiu para o camarim onde recebeu a imprensa.
Mais calmo, disse à Folha que
sem as unhas vai poder trabalhar
no computador e dirigir. "Eu era
um pássaro selvagem, preso numa gaiola. Eu era uma pessoa dependente havia 35 anos, minha
vida era um desespero."
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